quinta-feira, 3 de junho de 2021

Serenidade

 Serenidade,

Momento de paz e de liberdade.

Descontração.

Na entressafra.

Livre de que?

De tudo. De todos.

Mas, principalmente de si próprio.

Carpe diem vai até meia noite.

Depois disso a carruagem vira abóbora.

Vinte e quatro horas, só por hoje, mesmo!

Pois amanhã ninguém sabe.

Swing Out Sister - Breakout

ouvi uma música que não lembrava que existia vinda de um churrasco de domingo. mas assim que chegou aos meus ouvidos veio à tona a minha memória afetiva sem assinalar um momento específico. assim como quando sentimos determinado cheiro. pensei em perguntar se alguém da festa poderia me dizer o seu nome, mas fiquei com medo de que pensassem que eu era maluco. cantarolei o som para algumas pessoas que já estavam por aqui naquela época, e elas disseram lembrar da melodia, mas não de quem cantava. então decidi pôr as palavras que lembrava do refrão no Google, e redescobri essa canção pop maravilhosa do Swing Out Sister - Breakout. E nunca mais deixarei que ela se apague da minha memória. 

A Voz do Povo é a Voz de Deus

Deus ajuda quem cedo madruga.

Quem fica parado é poste.

Quem para enferruja.

Quem vive de passado é museu.

Pra frente é que se anda.

A voz do povo é a voz de Deus.

terça-feira, 1 de junho de 2021

Imparcialidade

 Não quero opiniões irrefutáveis.

Ou posições que não se alterem.

Não quero ser especialista,

ou autoridade.

Clamo pelo direito da dúvida,

e oportunidade de existir.

Não quero crenças absolutas.

Preciso duvidar de tudo.

Preciso duvidar de mim mesmo,

e do meu nome.

Preciso desconfiar da minha própria existência.

Pois apenas com o mínimo de imparcialidade,

mesmo que não muita,

é possível existir.

domingo, 30 de maio de 2021

A Natureza Tá Certa!

Na praia de Ipanema atrás do homem magro de óculos escuros e camisa branca aberta está um povo antiquado com as suas calças boca-de-sino e cabelos démodés, como se não tivessem acompanhado o mundo. Surge a linda repórter Glória Maria com um microfone na mão. Ela pergunta:

- Raul, você que defende a natureza, o que acha dessa ressaca?

A câmera flagra um Corcel 73 com uma das laterais amassadas.

- Eu acho que é uma coisa profética, já tá na profecia. – Raul Seixas responde – Inclusive todo mundo sabe que o Rio de Janeiro está abaixo do nível do mar. Esse foi um primeiro vômito! Um primeiro anúncio! Ah, lá, rapaz! aterrou? Então vamos lá, as portas dos edifícios estão fechadas, e quem dançou fui eu, o meu carro foi jogado e arrebentou todo! Ainda bem que foi pra segurar a barra de onda. O que tá errado é esse negócio de aterro aí! Tomara que arrebente tudo aí! A natureza tá certa!

A câmera se volta para Glória e às suas costas um rapaz gritou:

        - Toca, Raul! 

sexta-feira, 28 de maio de 2021

A Montagem

A montagem é o principal do processo artístico. No teatro é preciso tirar as "barrigas' quando a peça está sem tempo-ritmo. Na música: tocar menos notas, diminuir o solo, dar um respiro, uma pausa. A edição de um livro é tão importante quanto a sua concepção. No cinema é hora de limpar a "gordura". Gabriel Garcia Márquez, o prêmio Nobel de literatura, dizia: "Se mede um escritor pela quantidade de coisas que ele consegue jogar fora." O apego pode arruinar um trabalho. "Escrever muito, não é escrever bem." disse Henry Miller.

Vaiados

Vai, avante!
Para ser vaiado por dez.
Achincalhado por mil.
Ignorado por todos.
Invejado por meia dúzia de lunáticos.
"Vocês não entenderam nada.
Só quem entendeu, fomos eu...
e o Gilberto Gil."
Caetano, disse...
Lima Barreto:
"A pior reação para um artista é o silêncio."
No ostracismo, ostracizado.
Deprimido.
Jogado num canto.
Fingir que não viu.
Não ouviu.
Nelson Rodrigues, que foi vaiado, disse:
"Se eles te vaiaram é porque você está no caminho certo"
Os Beatles foram vaiados num boteco na Alemanha.
Eu fui vaiado num carnaval em Caxias.
Quebra o violão, Sérgio Ricardo.
Abandonei o palco,
"Aqui, eu não canto."
Dei as costas para a plateia.
Igual o Jim Morrisson.
Fui embora.
Jards Macalé, Tom Jobim, Chico Buarque, Manoel de Oliveira, tudo vaiado!
Até Bob Dylan
Pula daí, Charly Garcia.
Desaparece, Belchior...
Joga o microfone no chão.
Fura, Tim Maia!
Toca fogo na guitarra Hendrix.
Quebra, Cobain.
Aí já é demais!
Mas, volta!
Se expõe.
Não por ódio.
Mas, por amor.
Por prazer.
Ah, polímata sem vergonha!
Querendo ser polivalente num mundo de especialistas...