quarta-feira, 4 de junho de 2014

Fante, Bukowski, e Bandini...

eu conheci o Fante na biblioteca. por intermédio de Bukowski. eu não gostava muito do Bukowski, porque ele tinha aquela fama de beberrão, e de brigão no meio da rapaziada, como se ele só fizesse beber, e foder o tempo todo. a rapaziada ficava tentando imitá-lo, e isso me irritava. mas aí ele me falou sobre como havia conhecido o Fante, e eu achei aquilo curioso. ele me disse que eu ia gostar de conhecer o Fante. então eu conheci o Fante numa tarde, e ele me apresentou ao Bandini num quarto de pensão onde eles moravam, um lugar todo empoeirado. Bandini e Fante me disseram que aquele havia sido um ano ruim, eles falaram sobre Bunker Hill, sobre a juventude... e Bandini me falou sobre aquela primavera... depois nos encontramos novamente a caminho de Los Angeles. e eu percebi que toda aquela história havia começado ali. quando me reencontrei com Bukowski, ele me contou a sua versão da história, e eu gostei de trocar ideia com o velho sujo. foi só isso doutor, ele bate o cigarro no cinzeiro, e diz. o meu depoimento termina aqui. eu desligo a televisão. e pego um livro.

segunda-feira, 2 de junho de 2014

Isso Aqui É Flamengo!

excelentíssimo presidente Bandeira de Melo, hoje eu vi um dos ícones da minha infância. outro dia um deles entrou aqui para consertar o telefone. nós nos comunicamos pelo olhar. pois na correria do dia a dia, é necessário para que você diga a pessoa o quanto a estima, e o quanto a quer bem. somos um time que joga com o olhar. por música, como se dizia na época em que o Jayme e, ou, o Andrade jogava a deixa era o olhar... eu perguntei a ele, e o Flamengo? ele disse, o Flamengo está ruim. e apontou o polegar para baixo. eu disse a ele, parecia que eles estavam jogando de sacanagem! ele confirmou, e descobri que não estava enganado. eles não ganharam aquele jogo sozinhos, sem a nossa ajuda, aos quarenta e cinco do segundo tempo. literalmente. com um gol impedido. eu me lembro de um radialista ter dito, quem fez aquela gol foi a camisa do Adílio, e do Elias! e por falar nisso, o caos começou ali... com aquela frustração do Elias. eu vi uma foto do Léo Moura com os caras num jornal. eles estavam comendo antes de um jogo da Libertadores. e ali eu soube que eles não iriam ganhar, sei lá, a cara de sono deles. já que o time é a torcida, jogador, entra, e saí do clube. e por falar em jogador, sejam sempre gratos ao salário que vocês recebem, para brincar, para fazer o quê vocês gostam, e que não tenho a mínima dúvida, mais amam, pois, o sonho de jogar de futebol, parece ser de boa parte de nós. eu mesmo sou um jogador frustrado. e se não fosse o futebol, será que vocês ganhariam toda essa bolada? se vocês não forem gratos ao Flamengo, que sejam gratos ao esporte. pois a vida que vocês vivem, embora tenham seus problemas, pelo menos no que tange o lado material, não é a vida da maioria das pessoas desse país. Marlon Brando disse, se me pagassem para não fazer nada, eu não faria nada, mas já que me pagam para fazer cinema, eu vou fazer cinema direito. basta que vocês olhem um trem lotado, e vejam as pessoas indo pegar no batente, pessoas que não tem tempo nem para ver seus filhos. enquanto vocês se sentem entendiados, e longe da família, nos finais de semana em hotéis bacanas. com internet, telefone e videogame. enquanto as pessoas vivem com um salário, e não tem nem como pagar o ingresso de um jogo do Flamengo, e que dirá da copa. não cabe no orçamento. nós que ficamos com os nossos rádios de pilha em casa, pois esse é um dos únicos prazeres gratuitos que temos, já que não temos dinheiro para ir em teatros, shows, cinema e boates. então se muitos de vocês estivessem naquele vagão. sabe se lá que vida teriam. são pagos para brincar, para correr atrás de uma bola. mas não fazem isso. e num vem com essa música do Ney Franco de Na Beira do Caos, não, que nós não queremos lutar para não cair... nós queremos lutar pelo título! vocês lembram da torcida cantado, isso aqui é Flamengo... usem esse tempo para refletir. e nos encontramos depois da copa! rumo ao título.

domingo, 25 de maio de 2014

WhatsApp!


dentro da sala de aula. na sala de espera. na fila do banco. do supermercado. diante das palavras dos sacerdotes, dos professores, psicólogos e sábios. se equilibrando no trem. na fila do hospital. enquanto atende. enquanto é atendido. bebe, fuma, ou assiste a uma palestra. na fila do supermercado. no enterro. na creche. na unidade de tratamento intensivo. no crematório. dentro do carro. no semáforo. no engarrafamento. antes do coito. depois do coito. no jantar entre amigos. na reunião de família. no meio da oração. da declaração romântica. da divagação. da leitura. da meditação. no banheiro. durante a fantasia. enquanto dorme. dentro do cinema. ao acordar. enquanto faz carinho. enquanto recebe carinho. ouve  música. enquanto vive. andando na rua. entre os carros. em plena na avenida. durante os ensaios. na concentração. no meio da entrevista. enquanto assiste ao filme. enquanto espera a morte. no silêncio. WhatsApp!

quinta-feira, 22 de maio de 2014

Seis Reais...

ele viu os seis reais em cima da mesa, e pensou, deve ser o dinheiro do pão. enfiou na carteira para qualquer imprevisto. voltou para casa. ela ligou, e aí, como é que estão as coisas? ele disse, tem seis reais aqui. tudo bem, ela disse. não era o dinheiro do pão. quando o vizinho bateu na porta. ele abriu. o vizinho disse: tem seis reais para emprestar? ele disse. tenho. deu o dinheiro ao vizinho que disse, é para comprar cigarros... fechou a porta. o vizinho bateu na porta. devolveu o dinheiro. disse. obrigado. enfiou na carteira para qualquer imprevisto. voltou para casa. no dia seguinte pela manhã bateram na porta. a vizinha. ela disse: perdi o meu cartão, já estava dentro do ônibus em direção ao trabalho, tem seis reais para emprestar? ele disse. tenho.

domingo, 18 de maio de 2014

O Relógio...

como eu não tenho um celular, eu teria de ligar o computador, ou o Tablet. o que demandaria tempo para quem estava concentrado numa tarefa. se eu tivesse um relógio de pulso, ou de parede, teria visto as horas sem precisar ligar a televisão.

sábado, 17 de maio de 2014

O Pombo-Correio!

ele diz, vai e volta logo, Ralf! Ralf carrega consigo um pedaço de papel preso as patas. o pombo-correio atravessa o céu do bairro. carrega um papel onde está escrito, vai salvar? o outro diz, sim, eu salvo! aguenta aí, Ralf! ele põe uma pedrinha verde entre as patas de Ralf. o pombo-correio atravessa o bairro de volta.

A Penha Não Teve Livraria...

Hoje é fácil roubar tempo da leitura, ainda mais se ela estiver dentro do mesmo aparelho conectado a todas as maravilhas do mundo. aqui na Penha não teve livraria. os livros de papel vão acabar, e aqui na Penha não teve livraria, não que eu me lembre. alguém me corrija se eu estiver errado. o sebo clássico era aquele perto do Gomes Freire, desde a época em que eu não era um bom aluno, eu o conhecia. ele trocava livros, e tudo. li muita coisa ali. mas outro dia perguntei a um amigo dele porque ele sumira. o seu amigo disse que a família estava preocupada com a sua saúde, e que o trabalho não compensava, e que ele havia jogado os livros fora. ali mesmo, no meio da rua. esse foi  um gesto simbólico que representou o fim de uma era. os livros foram para o lixo. por isso que não podemos recusar um pedaço de ouro vendido a um real. como me disse um colombiano numa feira do centro em que segurava O Veneno Da Madrugada, García Márquez, um real, não tem o que pensar!