quinta-feira, 22 de maio de 2014

Seis Reais...

ele viu os seis reais em cima da mesa, e pensou, deve ser o dinheiro do pão. enfiou na carteira para qualquer imprevisto. voltou para casa. ela ligou, e aí, como é que estão as coisas? ele disse, tem seis reais aqui. tudo bem, ela disse. não era o dinheiro do pão. quando o vizinho bateu na porta. ele abriu. o vizinho disse: tem seis reais para emprestar? ele disse. tenho. deu o dinheiro ao vizinho que disse, é para comprar cigarros... fechou a porta. o vizinho bateu na porta. devolveu o dinheiro. disse. obrigado. enfiou na carteira para qualquer imprevisto. voltou para casa. no dia seguinte pela manhã bateram na porta. a vizinha. ela disse: perdi o meu cartão, já estava dentro do ônibus em direção ao trabalho, tem seis reais para emprestar? ele disse. tenho.

domingo, 18 de maio de 2014

O Relógio...

como eu não tenho um celular, eu teria de ligar o computador, ou o Tablet. o que demandaria tempo para quem estava concentrado numa tarefa. se eu tivesse um relógio de pulso, ou de parede, teria visto as horas sem precisar ligar a televisão.

sábado, 17 de maio de 2014

O Pombo-Correio!

ele diz, vai e volta logo, Ralf! Ralf carrega consigo um pedaço de papel preso as patas. o pombo-correio atravessa o céu do bairro. carrega um papel onde está escrito, vai salvar? o outro diz, sim, eu salvo! aguenta aí, Ralf! ele põe uma pedrinha verde entre as patas de Ralf. o pombo-correio atravessa o bairro de volta.

A Penha Não Teve Livraria...

Hoje é fácil roubar tempo da leitura, ainda mais se ela estiver dentro do mesmo aparelho conectado a todas as maravilhas do mundo. aqui na Penha não teve livraria. os livros de papel vão acabar, e aqui na Penha não teve livraria, não que eu me lembre. alguém me corrija se eu estiver errado. o sebo clássico era aquele perto do Gomes Freire, desde a época em que eu não era um bom aluno, eu o conhecia. ele trocava livros, e tudo. li muita coisa ali. mas outro dia perguntei a um amigo dele porque ele sumira. o seu amigo disse que a família estava preocupada com a sua saúde, e que o trabalho não compensava, e que ele havia jogado os livros fora. ali mesmo, no meio da rua. esse foi  um gesto simbólico que representou o fim de uma era. os livros foram para o lixo. por isso que não podemos recusar um pedaço de ouro vendido a um real. como me disse um colombiano numa feira do centro em que segurava O Veneno Da Madrugada, García Márquez, um real, não tem o que pensar!

Trocando Figurinhas!

ela estava andando numa das ruas do centro, quando foi surpreendida por grupos de homens na esquina, ela pensou logo que fosse uma tentativa de golpe de estado. mas não, era apenas uma porção de marmanjos trocando figurinhas da copa do mundo... ela disse: trocando figurinhas! eu vou ter que contar isto a ele, para que ele escreva no blog... ela sorriu, balançou a cabeça.

quinta-feira, 1 de maio de 2014

TV Aberta...

o pastor me olha e diz que eu fui vítima de um ritual. ele me mostra um despacho, como exemplo. os policiais vão a casa de um maluco que diz que os vizinhos estão com o som alto. mas na verdade os vizinhos já estão dormindo, como nós podemos verificar, diz o policial. uma menina imita um sotaque do norte do Brasil. a filha diz que vai bater na mãe, e que a mãe não presta, e que isso, e aquilo outro. a psicóloga interfere. ela, com um sorriso bonito, diz que a economia brasileira irá melhorar este ano. o filho do cantor terminou com a namorada de novo. um bêbado ameça se jogar de um telhado. o policial pede a ele que desça. ele diz que não vai descer. a mulher diz que ele não quer sair de casa, e que ele sempre volta bêbado para bater nela, e nos filhos. o pastor me dá o número de uma conta de banco para que eu deposite o meu dízimo. um cara me diz que depois que entrou para igreja ficou rico, virou empresário, e me pede para que eu siga o seu exemplo. a menina está visivelmente alterada, e pelo o que nós podemos constatar, diz o policial, ela e o namorado são usuários de crack... a menina anda de um lado para o outro da rua. ela é branca, e magra. mas o seu rosto está embaçado. uma menina imita um sotaque do nordeste do Brasil. agora ela passa a palavra para ele, que me diz que eu vou torcer como nunca para a seleção brasileira, pois a copa será aqui. aquele ator me diz que o seu relacionamento já está bem, e que eu posso ficar tranquilo. o pastor me pede para que eu olhe em seus olhos. eu olho. ele me diz que as coisas vão mudar. eu digo a ele que sim. estala uma tapa na bochecha da mãe. o câmera balança a câmera. entram os comerciais.

sábado, 26 de abril de 2014

Sabedoria Popular...

se você deixar o chinelo de cabeça para baixo está agourando a sua mãe. se começa a varrer quando alguém chega é porque você quer que essa pessoa vá embora. se a sua perna está doendo é porque vai ter uma notícia ruim. se a tua orelha está queimando é porque alguém está falando mal de você. se uma colher cai no chão é porque uma mulher irá a sua casa. se cair um garfo no chão é porque um homem irá a sua casa. se a sua mão está coçando, é porque você vai ganhar algum dinheiro. tropeçar numa pedra, é sinal de que a sua namorada ou o seu namorado está te traindo. uma borboleta cruzar o seu caminho é sinal de sorte. se a criança estiver bocejando é porque ela está com quebranto. se você tiver soluço é só colar um pedaço de linha na testa que o soluço passa. se você quiser que uma pessoa chegue diga o nome dela atrás da porta. se um pássaro te acerta os seus dejetos, é sinal de sorte, também. não se pode varrer a casa em direção a porta da rua, pois senão acho que corta a sorte. gato preto dá azar. passar por baixo de escada, também. se você diz o nome de alguém que não se encontra presente, é porque aquela pessoa aonde está, acabou de falar de você. se urubus rodeiam uma região é sinal de que alguém vai morrer. antigamente quando passavam os amoladores de faca, também. ainda bem que eles não existem mais, por aqui.