quarta-feira, 4 de julho de 2012

O Emissário do Capeta!

Ele tem seis, ou sete anos no máximo. É de uma família da classe média. Ou média baixa. Mas os pais dele pensam que são ricos. Eles moram num condomínio metido a besta que fica próximo a um bairro realmente chique. Mas não dentro dele como eles dão a entender. O pai é não sei o quê da Petrobrás. A sua mãe é uma espécie de mulher de jogador de futebol ou dançarina de funk, que usa aquele rádio horroroso em que todo mundo no supermercado ou no salão ouve a sua conversa bocejante. Em que ela diz o quanto gastou com o quê, ou chama as outras mulheres de traveca. E o moleque é o capeta. O cão. Mete a porrada em todas as crianças do condomínio. É o dono da bola. Ele apaga a velinha dos outros quando há festa de aniversário. Um dia desses ele estava conversando com um comparsa no corredor. Um cupincha. Um parceiro. Quando uma menina com o dobro de sua idade, que pelos dias de hoje, obviamente podia ser sua mãe, passou. E o mancomunado disse a ele: que gostosa! e ele, como se fosse um homem experiente. É isso que você chama de gostosa? Talvez por isso o seu apelido seja, O Emissário do Capeta.

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Eu vou ser capa do New York Times de Amanhã

(Selecionei o trecho que considero mais polêmico)

Você é um artista desconhecido em seu país, como é ser estudado por um dos maiores antropólogos do mundo numa das maiores universidades do mundo? Eu disse: não faz diferença. Você faz isso e pronto. É o que tem que fazer. Eu sou um artista como outro qualquer. O repórter me perguntou: e ser estudado em inglês, se você escreve... Eu disse: é como ler Henry Miller sem saber inglês. Você olha aquelas palavras ali no papel, e não entende nenhuma delas. Mas sabe que tem alguma coisa. A barreira da língua não existe. Nem todo mundo que gosta dos Beatles sabe inglês. Mas saber um pouco de inglês é bom, eu disse, e o repórter sorriu. Você defende a legalização da Marijuana... Defendo porque eu vivo na América latina. E por que lá morre muito mais gente do que aqui, por exemplo, por causa da bebida, do cigarro, e da violência do tráfico de drogas. Se bem que lá agora o crack que está fortíssimo. E o tráfico é uma empresa que não sabe lidar com produtos e clientes. Seria melhor que fosse regulamentado para que existisse controle, e fiscalização. O seu argumento é esse? Não é o meu argumento, a lei seca não acabou com a bebida no seu país... É a mesma coisa. No outro dia o Presidente Obama falou que era a favor do casamento gay, dias depois foi feita alguma coisa por aqui, e acredito que isso tenha ajudado. Dependemos de vocês. E espero que entendam isso, até porque as maiores vítimas somos nós, e não vocês.

Tomara que eles publiquem na íntegra.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

3 Dentes Arrancados e Cinco Costelas Quebradas

Ele era o único da turma que não fumava maconha. Todo mundo fumava. Menos ele. Ele não. Sempre que alguém saía em direção a rodinha dizia a ele: nem um tapinha, fulano? Ele respondia: não, e levantava a garrafinha de água em direção a pessoa. Por esse motivo ele nunca seria parado numa blitz e preso por tráfico de entorpecentes ou porte ilegal de armas. Pois era um cara do bem. Da paz. E também não seria preso e levado a delegacia por dirigir embriagado. Já que ele não bebia. Ele levou um susto ao ser parado numa curva por carro policial. Ele era o tipo de cara que quando cruza com polícia começa a gaguejar. E ao ser indagado para onde ia, ele disse o óbvio. Pra casa. Quando ele atendeu um desses rádios em viva voz. Era um de seus amigos. Marinho. Marinho disse: tô indo pra boca! E para explicar aos policiais que boca era uma amiga de boca grande? Só depois de 3 dentes arrancados e cinco costelas quebradas.

domingo, 17 de junho de 2012

Eu Atirei Num Homem Só Para Vê-lo Morrer

Ele está ali no chão estrebuchando e virando os seus olhinhos japoneses em minha direção. Eu queria sentir alguma coisa por ele. Pena, ou sei lá o quê. Mas por mais que eu tente não consigo. Ele fica me olhando sem acreditar. Daquele mesmo jeito que me olhou a primeira vez que foi se encontrar comigo naquele prostíbulo de quinta categoria. Ele sempre me olha como se o dinheiro não fosse importante. Da mesma maneira quando ele me olhou a primeira vez. Como se a coisa menos importante fosse o que eu ia carregar na bolsa no outro dia de manhã. As outras meninas ficavam impressionadas com esses idiotas como se eles passassem dos limites em sua burrice. Eu não. Sempre fui indiferente a eles. E a ele que está me olhando pensar isso. Não me importo com aquela menina com quem ele estava. Mas também não quero que ela fique com o meu dinheiro. Não sei o que eu posso fazer com esse corpo. Não quero ser descoberta porque se não vou ter que me comportar como se acreditasse que um puto que é viciado em puta não merece morrer.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

É Melhor Ser Feio Do Que Ser Burro

No dia 12 de Junho, dia dos namorados, o rapaz pediu uma namorada a deus. Ele disse: deus me mande uma filha sua, que eu a farei feliz! No dia 13 de Junho, dia de Santo Antônio, o seu pedido foi atendido. Ele olhou para os céus e reparou que deus era um pouco de qualquer coisa, e que parecia não ter cor nem religião. No dia 14 de Junho, ele reclamou da namorada para deus. Mas senhor, essa mina é um bujão! E deus disse: quando você me pediu uma das minhas filhas, não especificou se queria uma modelo intelectual de Big-Brother. Ou uma pessoa normal dessas que se vê nas filas do supermercado. E quem é você que não sabe tocar duas notas, para dizer se o que eu criei é belo ou não? Você não me disse que a sua carência era sexual e não afetiva. Na hora ele se calou e agonizou com aquela injusta tarefa de contrariar a deus, e devolver a ele um pedido feito e atendido na hora. Então o rapaz decidiu que ficaria com a gordinha. Mocinha prendada que ia a uma igreja qualquer todo final de semana. Mas com o tempo não é que ele passou a gostar da gordinha cada vez mais. Pelo seu companheirismo, fidelidade e amor. Concluindo. Moral da história. Parábola filosófica. É Melhor ser feio do que ser burro.

sábado, 2 de junho de 2012

Evoluindo do Macaco!

A gente tava assistindo ao Globo Repórter. E a minha mina disse: vamô num zoológico ver como esses putos se movimentam ao vivo! Nós ficamos ali num domingo. Jogando pipoca aos macacos. Em determinado momento um macaco puxava o rabo do outro e se escondia. Puxava o rabo do outro e se escondia. Eu disse a minha mina: lindinha. Ela: o quê é?! Eu disse: esse puto tá sacaneando o outro. Esse puto tá sacaneando o outro igual à gente faz. Caralho, que foda! Ela disse com o seu mau humor feminino: e daí? Eu respondi: e daí que nós devemos ter vindo desse bicho aí, mesmo! Ela disse: eu não vim da costela de Adão, e muito menos dessa coisa nojenta! Além do mais essa teoria já deve ter caído. Outro dia eu vi uma reportagem que se passava na Índia que dizia que um macaco distraia o dono da barraca de fruta pro outro poder roubar. Um amigo meu me contou, que antes de um macaco morrer numa caçada, ele põe a mão em frente ao, digamos, rosto. Como quem sabe que vai morrer! Nós até podemos não ter vindo desse bicho. Mas que nós temos alguma semelhança com ele, ah, isso nós temos!

quinta-feira, 31 de maio de 2012

Deus é Mau!

Minha mina me chamou: vem ver aquele preto que você gosta na televisão! Aquele preto que eu gosto é um pastor. Toda vez que eu assisto a televisão, eu assisto ao programa desse pastor. Não há nada melhor na televisão. E ontem o pastor contou uma história impressionante. Ele foi assaltado e ameaçado de morte por três caras. Puseram uma pistola na cabeça dele. A mulher dele chorando. Todo mundo gritando. Maior terror. Aí ele leu um trecho da bíblia pros caras. E disse a eles que aquela era a última oportunidade que eles tinham de se arrepender. Os cabras foram embora sem levar nada, e não se arrependeram. Então depois ele apareceu na televisão falando que ia dar mais sete dias para eles se arrependerem. E nisso ele leu um trecho da bíblia em que deus diz seus inimigos são meus inimigos. Eles não se arrependeram de novo. Pronto. Sete dias completos. Os três apareceram baleados com um número de balas simbólico em suas respectivas cabeças. Sete. E eu cheguei a conclusão que: deus é mau!