A gente tava assistindo ao Globo Repórter. E a minha mina disse: vamô num
zoológico ver como esses putos se movimentam ao vivo! Nós ficamos ali num
domingo. Jogando pipoca aos macacos. Em determinado momento um macaco puxava o
rabo do outro e se escondia. Puxava o rabo do outro e se escondia. Eu disse a
minha mina: lindinha. Ela: o quê é?! Eu disse: esse puto tá sacaneando o outro.
Esse puto tá sacaneando o outro igual à gente faz. Caralho, que foda! Ela
disse com o seu mau humor feminino: e daí? Eu respondi: e daí que nós devemos ter
vindo desse bicho aí, mesmo! Ela disse: eu não vim da costela de Adão, e muito
menos dessa coisa nojenta! Além do mais essa teoria já deve ter caído. Outro
dia eu vi uma reportagem que se passava na Índia que dizia que um macaco
distraia o dono da barraca de fruta pro outro poder roubar. Um amigo meu me
contou, que antes de um macaco morrer numa caçada, ele põe a mão em frente ao,
digamos, rosto. Como quem sabe que vai morrer! Nós até podemos não ter vindo desse
bicho. Mas que nós temos alguma semelhança com ele, ah, isso nós temos!
sábado, 2 de junho de 2012
quinta-feira, 31 de maio de 2012
Deus é Mau!
Minha mina me chamou: vem ver
aquele preto que você gosta na televisão! Aquele preto que eu gosto é um
pastor. Toda vez que eu assisto a televisão, eu assisto ao
programa desse pastor. Não há nada melhor na televisão. E ontem o pastor contou uma
história impressionante. Ele foi assaltado e ameaçado de morte por três caras.
Puseram uma pistola na cabeça dele. A mulher dele chorando. Todo mundo
gritando. Maior terror. Aí ele leu um trecho da bíblia pros caras. E disse a
eles que aquela era a última oportunidade que eles tinham de se arrepender. Os
cabras foram embora sem levar nada, e não se arrependeram. Então depois ele
apareceu na televisão falando que ia dar mais sete dias para eles se
arrependerem. E nisso ele leu um trecho da bíblia em que deus diz seus
inimigos são meus inimigos. Eles não se arrependeram de novo. Pronto. Sete
dias completos. Os três apareceram baleados com um número de balas simbólico em
suas respectivas cabeças. Sete. E eu cheguei a conclusão que: deus é mau!
domingo, 27 de maio de 2012
Eu Odeio a Escola
Eu odeio a escola. Como
instituição. Com os seus muros altos e os seus horizontes fechados. A escola
destruiu o que restava da minha autoestima. Ela me reprovou cinco vezes na
quinta série! Hoje em dia todo mundo passa. Mas em compensação ninguém sabe ler
ou escrever direito, ou o que é pior, interpretar o que se lê e ou o que se
escreve. Eu odeio a escola. Com toda a sua acentuação indesejável, e a sua
matemática inexata. Coitada dessa escola com seus acadêmicos bundões que pensam
que só eles podem salvar o mundo, como se nós precisássemos deles, que não
enxergam um palmo na frente do próprio nariz, para nos mostrar o caminho. Eu odeio
a escola com todos os meus clichês. Assim como ela tem os dela. Inclusive que é
o de me querer trabalhando num balcão de uma loja de departamentos, para que o
melhor lugar fique com alguém mais apto que eu, pois não há vaga para todo
mundo. Mas sem discurso marxista de esquerda brasileira frustrada por não ter
uma ditadura como inimiga. Eu odeio a escola. E a única coisa interessante que
aconteceu por lá, foi uma professora me apresentar um livro pela primeira vez.
Depois disso, eu peguei os livros em sua própria biblioteca, e a escola nem
percebeu. Até que um dia ela me expulsou do seu colo com um pé na bunda. O que
me deixou com toda essa mágoa e ódio, por ter me feito perder tanto tempo, e
não ter me ensinado quase nada do que eu realmente queria aprender. E de não
ter aproveitado nada do pouco potencial que eu sempre tive. Eu odeio a escola. Por
sua falta de tempo, e por ela me iludir com um diploma, e subestimar a minha
inteligência. Eu odeio a escola por ela julgar que todo mundo é igual. Eu odeio
a escola. Mas eu escrevo, e mesmo errado, você entende o que eu escrevo. Mas duvido
que você entenda tudo que ela escreve.
sábado, 26 de maio de 2012
Vai Passar o Rambo na Televisão!
Naquela época antes de pirataria um filme levava mais ou menos dois anos para chegar a televisão, e depois ao vídeo-cassete, e vice e versa. Se é que já existia o vídeo lá em casa. Então na escola foi aquele furdunço. Todo mundo na expectativa. Só se falava disso. Era uma espécie de final de copa do mundo. O Rambo ia passar na televisão. No SBT canal onze. Eu não me lembro bem que Rambo era, se o 1, o 2, ou três. Só sei que os sacanas da Globo decidiram esticar a novela. E o sacana do Sílvio Santos com aquele riso puro e franco para um filme de terror, como dizia o Raulzito, resolveu que não ia passar o filme enquanto não terminasse a novela. E fez algo inacreditável para os dias de hoje. Ele pôs na tela uma imagem congelada do Rambo, dizendo que o filme iria começar logo após a novela. Não dava nem pra esperar navegando na internet, pois ela ainda não existia. Eu estava cansado e tinha que acordar cedo pra ir pra merda daquela escola. Disse a minha mãe e ao meu pai: se eu cochilar, vocês me acordem, pelo-amor-de-deus, hein? Ai, ai, ai, ai, ai! Quando acordei assustado o meu pai com a sua nostálgica pança e o seu bigode ridículo me disse: que filmaço! Ainda deu pra pegar as letrinhas subindo. Nunca mais eu quis saber do Rambo. Nunca perdoei os meus pais. E vocês não sabem o trauma que carrego daquele dia seguinte.
quinta-feira, 24 de maio de 2012
Carta A Um Amigo Famoso
Não acho que você deva se
justificar publicamente. Você só deve fazer isso perante a quem prejudicou. E
se está fazendo isso agora, é porque o povo é “moralista”. Aposto com você que
tem uma porção que acha a tua desculpa louvável, mas que continua fazendo o mesmo
que você fez, ou pior. No fim das contas as pessoas públicas ficam com o
quinhão de dar o “exemplo”. Mas numa sociedade, não são apenas as pessoas
públicas que tomam decisões importantes. Tem que se tomar cuidado, pois a nova
era está decretando o fim da nossa privacidade, e nós estamos embarcando nessa.
Quem sente verdadeiramente o que você fez, ou faz, é quem está próximo a você. Para
gente como eu, você vai sempre ser alguém imaterial que eu vou poder admirar
quando quiser. Pois queira ou não, para gente como eu, você é uma bela de uma arte.
E você pode até relacionar a sua arte aos seus atos... Mas não costumo me
interessar nem pelo que os políticos fazem. A não ser que isso influencie diretamente
na minha vida. Não vou deixar de ouvir uma música, ou assistir a um filme, por
causa do que o artista é pessoalmente. Já conheci artistas que me decepcionaram.
Mesmo assim continuei admirando, e acompanhando os seus trabalhos. Pois eles são
inspiradores. Não carregue esse fardo, amigo. Pois ele é pesado demais.
terça-feira, 22 de maio de 2012
O Labirinto Da Língua
Eu fui num
lugar. Mas o lugar nunca tem importância. E sim o que acontece nele. E lá havia
uma placa onde estava escrito: proibida a entrada de pessoas estranhas. Se a
placa estava se referindo ao desconhecido, de quem trabalha ali, tudo bem, eu
ia poder entrar. Mas se ela estavs se referindo a estranho, sinônimo de
esquisito, eu não ia poder entrar. Pois eu sou um cara tão estranho quanto aquele cara
daquela música dos Los Hermanos, que é aquela banda que os universitários amam,
e que tem aquele clipe que faz referência ao Kafka. Ou People Are Strange do The
Doors. Eu sou o que se chama de excêntrico. E leia-se para uma sociedade careta,
ainda, tão careta quanto falar careta. E no meu caso, eu sou um famigerado artista-vagabundo,
ainda, depois de todos esses artistas famosos no mundo todo. Se fosse esse o
sentido, eu não poderia entrar. A língua põe a gente em cada labirinto!
domingo, 20 de maio de 2012
O Mendigo Foi Pro Casamento Do Belo!
Eu tava parado em frente a um
sebo do Centro da Cidade. Olhando aqueles livros de 5 reais que ficam naquela banquinha da frente. Que era o que eu tinha no bolso
contando com algumas moedas. Eu queria que a minha mina aparecesse logo. Pois assim poderia arrancar mais cinco reais dela. E quem sabe comprar algum Rubem Fonseca. Ou qualquer outro falastrão desses. Quando aparece um mendigo, e pergunta para o
outro: não vai no casamento do Belo, não? E o outro devolve: onde? Aqui
na Candelária! O amigo diz: vambora! E eles saem correndo. O senhor grisalho surge no fundo do sebo e me pergunta: o que foi essa gritaria? Eu digo: eles vão pro casamento do Belo! E ele responde: tá, e eu sou um belo, um belo de um idiota!
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