As novas gerações quando pensam em Roberto Carlos se lembram logo dos memes de final de ano insinuando que ele é uma múmia. Eu quando me lembro de Roberto Carlos lembro da minha infância. Eu me lembro dos fins de semana enquanto a minha mãe arrumava a casa e tocava Roberto Carlos na vitrola. Ela cantava ao passar a cera vermelha no chão. Eu consigo sentir o cheiro da cera. Eu me lembro de estar em pé no ponto de ônibus na Avenida Brasil sozinho, eu estava viajando para a casa da minha namorada que hoje é a minha esposa, quando o senhor da barraquinha de doces explodiu Emoções nas caixas de som. Quando eu me lembro de Roberto Carlos eu me lembro dos milhares de homens e mulheres que sofreram ao ouvir as suas músicas nos anos 1970 e 1980 à medida que o número de divórcios aumentou no Brasil. Eu me lembro das rádios e das madrugadas dos programas que só tocavam Roberto Carlos e embalavam milhões de trabalhadores que tinham apenas um aparelho como companheiro. Se fechar os olhos, posso ver um porteiro em seu cubículo com lágrimas nos olhos ouvindo uma canção de um dos reis do país. Eu me lembro dos milhares de cantores que sonharam desde a jovem guarda ser o novo Roberto Carlos e acabaram por inventar a música brega. Sim, eu também me lembro dos especiais de fim de ano. Mas não só disso, eu me lembro que assim como os discos das escolas de samba, um disco de Roberto Carlos era quase uma obrigação. Digam o que quiserem, para aqueles que tiveram suas vidas tocadas por Roberto Carlos ele continuará sendo único.
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