Em três anos eu faço um século de vida. Eu estou muito velho. Sinto que estou me desfazendo com o tempo. Estou acabando. Tudo está ficando para trás. Eu sou da época da fotografia em preto e branco, da televisão em preto e branco, era tudo preto e branco naquela época, até as palavras da minha máquina de escrever eram em preto e branco. Esses otários nem eram nascidos. Esses palermas pensam que o mundo começou com as dancinhas do Tiktok. Andávamos léguas e léguas com as fichas nos bolsos para darmos um telefonema. Eu queria tanta coisa, ser tanta coisa, meu Deus como eu queria! Mas aí vem o tempo e fode com tudo. Se você não se pôr no seu lugar, pode deixar que ele vai fazer isso por você. Direitinho, ah como ele vai! Toda arrogância da sua juventude vai embora, e você saí com o rabinho entre as pernas. Você que está todo bonacheirão e pimpão no jardim de infância, saiba que o tempo vai arrebentar com tudo. E vai ser tão rápido que você nem vai ter tempo de lembrar que eu te avisei. Mas então, o que eu quero agora depois de correr tanto atrás de nada. Não quero mais nada. Eu quero apenas continuar vivo, e que essas pessoas próximas de mim continuem vivas para que possamos dançar pelados na chuva e gritar: estamos vivos!
segunda-feira, 1 de julho de 2024
Um Século
A letra de um bolero
Eu sei que você é uma mulher de muitas dores
E que já sofreu horrores
Com antigos amoresEu sei que você tem uma história
Tem uma passado
Igual agora
Mas ainda não é hora
De desistir
Você ainda pode esperar
O que há por vir
Pois independente do que seja
Eu estarei aqui
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