Eu assisti Cidade de Deus de novo. E nada é mais poético do que a morte do
Cabeleira. Nada mais triste e mais sofredor. Aquela corrida… o cinema tem essa
mania de captar toda a dor e a potencializar. Quem não soube de uma corrida
dessas não sabe o que é sofrimento. Quem não ouviu os prantos. Não importa de
qual lado for. Quem não viu essas mães chorando. Embora para os negros pobres
seja pior. O Cartola com a música do Candeia ao fundo que dilacera a alma,
clichê. E o que dá revolta é que de Deus e o Diabo na Terra do Sol para Pixote
o Brasil não mudou nada. E de Pixote para Cidade de Deus também não. E de Cidade
de Deus… pelo contrário, até piorou. O estado e os bandidos ficaram mais
violentos. Basta olhar os números de chacinas. A primeira vez que vi o filme eu
fui ao cinema num dia em que os bandidos de dentro do presídio haviam mandado “fechar
tudo”. Coisas nossas. Mas ali, eu olhei para aquilo, mesmo tendo nascido na
Baixada e vivido na Zona-Norte. Não sei como é. Coisa de favela. Não moro lá
dentro. Só vou lá. Mas quando eu assisti ontem novamente o filme me causou um
impacto diferente. Eu lembrei daquelas corridas… de quem correu para viver. Aquelas
corridas são tristes que dói. Se essas pessoas estavam erradas ou não, elas deveriam
ser julgadas e não condenadas à morte. Mesmo os assassinos psicopatas que se
escondem no meio dessas gangs. Só assim a justiça funciona. Tem muita gente que
vira a cara para o filme. Mas como ouvi um português dizer: “Isso está bem
conseguido.” E não me vem com história de que tem de ser assim. Nem em todo o
lugar é assim. Se fosse regra seria em todo lugar. O filme mostra nossa
realidade, infelizmente. Aquelas corridas tristes…
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