segunda-feira, 23 de maio de 2022

Rotinas

São tão fascinantes a vida e a impermanência das coisas para citar Buda. Não saber se de novo os meus pés irão tocar as areias brancas de uma praia, e a minha boca a degustar um copo de cerveja no calor. Embora não goste de um ou outro, ou se os meus pensamentos estarão embotados com o gosto da fumaça adocicada, e se nesse estado me sentarei para assistir a um filme, ler um livro ou ouvir uma música. E se eu fosse opinar, eu diria que não, não há nenhuma indicação de que nada disso vá acontecer, novamente. Assim como compor, tocar com alguém, gravar, receber aplausos, e ter a emoção de ver um livro seu em papel. Talvez este filme seja um apelo a isto. Mas não posso contar. O que não pode deixar de me fascinar com as incertezas e dificuldades da vida, eu vou fazer com que elas me impossibilitem de agir. Como me disse Viktor Frankael naquele seu livro em que fala sobre a sua experiência nos campos de concentração. Não sei nem se voltarei a ver os membros da minha família. As melhores coisas são como a infância e a adolescência, nós as vivemos sem saber, sem nos dar conta. quando despertamos para elas, já estamos velhos. Como diz Herbert Vianna: "O trem da juventude é veloz" ou como se diz no Brasil: "A gente era feliz e não sabia" ou somos, pois no fim, o que nos deixa felizes não são as novidades, e sim, as rotinas.

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