A mão do dramaturgo
A mão que amassa o pão
A mão da massa
A mão que colhe
A mão que acolhe
A mão do poeta
A mão que incendeia
A mão que silencia
A mão que dá força
A mão do escritor
A mão delicada da bailarina
A mão do gesto perfeito
A mão calejada
A mão que tapa a boca
Os ouvidos
E abre os olhos
A mão do toque
A mão que sinaliza
A mão que martela as teclas
A mão da curtida
Na foto
Da cortiça
A mão que abre mares
A mão ausente
Da dor invisível de quem é capaz
De conviver mesmo sem a mão
Física
Por assim dizer
Mas que consegue dar as mãos
A si próprio
Ou aos outros
E pinta mesmo com os pés
A mão que segura o berço
A mão descrente
A mão nas contas
No terço
A mão do frentista
A mão do ascensorista
A mão sorrateira
Dentro da roupa
A mão lasciva
A mão que calcula
A mão que simula
A mão sensual
A mão suspensa no ar
A mão ilustrativa da conversa
A mão que se comunica em todos os idiomas
Como as máscaras do teatro
A mão que expressa
O que sente
O que não diz
A mão do músico
A mão do cineasta
A mão do fotógrafo
Na câmera
A mão do pedreiro
A mão do garimpeiro
Em busca do ouro
Ou daqueles que tem em suas mãos
O seu maior tesouro
A mão do arquiteto
Do carpinteiro, do arqueólogo
A mão que abre portas
E caminhos
A mão dos prazeres solitários
A mão que desce a roupa
A mão que puxa o lençol
A mão da cama
Da toalha
De mesa
A mão da cozinha
A mão que traz o fruto à vida
A mão estendida para as palmas
Ou a mão
Que fecha
A cortina
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