Quando ele chegou à cadeia a primeira frase que ouviu foi: no crime todo mundo tem um vulgo! Ele ficou entre Ode. E Brecht. Ele escolheu o dramaturgo. Antes do almoço, Fernandinho Beira-Rio companheiro de cela de Brecht disse. Vai rolar um aperitivo, uma cachaça de arroz... Depois da bóia rola um fino de cadeia, o digestivo. O homem magro e de óculos. Disse: não, obrigado... Se tivesse uma pancadinha de Uísque. Fernandinho disse. Uísque é horrível! É pior que cachaça! Brecht perguntou à Beira-Rio. Porque você tá aqui? Tráfico! E você? Por causa do meu vício! Qual? Beira-Rio pôde ver o olhar lunático de Brecht para as grades, ele disse. O meu vicio era comprar as pessoas. Eu estava viciado em comprar as pessoas. Um amigo seu da firma disse isso no depoimento, Beira-Rio respondeu. Ele disse que o pessoal da empresa estava viciado em comprar os outros. Eu vi na Globonews. Beira-Rio balançou o cigarro. Quando a gente olha pra você não imagina que tenha esse poder todo! Nem eu quando comecei imaginava que pudesse ter esse poder todo. Você não entendeu... Eu era o homem da mala preta. E chega uma hora que você não tem mais quem comprar, e você fica de saco cheio! É fácil demais... É como um jogo. Depois que você conhece os macetes. E que não tem mais para onde ir, você começa a se sentir entediado. Eu não aguentava mais aquela mala. Ela havia se tornado pesada demais. Era hora de dar a vez para outro. Beira-Rio disse: você tem que me contar uma coisa. Advinha sobre o quê é que eu quero saber... Eu quero saber sobre aquelas festas. Eu tinha uma amiga que trabalhava como garota... O carcereiro passou o cassetete na grade. Ele diz: o nosso amigo do Deus Supremo, disse que vai rolar um habeas corpus. O Brecht abre um riso.
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