Quando o líder capoeira Prata Preta esbarrou com José no Estácio ele perguntou: Zé, você conhece algum capoeira bom que eu não conheça? Prata Preta sempre fazia essa pergunta como que para se atualizar de sua profissão. José respondeu na lata: Bambu! Bambu já era um mito na roda do cortiço. Bambu era só um adolescente nessa época. Mas ele já fazia história. Bambu devia ter uns dezesseis anos. Naquela noite ao ver Prata Preta na roda do cortiço Joãozinho decidiu que futuramente seria um deles. Joãozinho disse para Joanete, agora você fica vigiando se os meganhas vêm que eu vou lá... Prata Preta vai entrar na roda! Joãozinho jogou uma moeda para Joanete. Bambu caiu na baianada. Bambu em um dos poucos momentos de sua vida carregava um sorriso sereno no rosto. Ele ali jogando com o ídolo Prata Preta. Mas aquela noite não foi fácil para Bambu, ele quis superar o mestre, e tentou catar o seu pé de todo jeito. Bambu tentava agarra o tornozelo de Prata Preta com o seu pé que parecia uma foice... Prata Preta como se afastasse tranquilamente de algo que vinha em sua direção. Dava pequenos saltos para trás. Se Bambu pudesse frequentar no Municipal teria viso àqueles passos num ballet. Ele fugia dos pés de gancho de Bambu. Mas na responsa. No talento. Bambu suava. Joãozinho estupefato com a expressão de Prata Preta que parecia fazer uma força mínima para se livrar dos golpes, e em seu rosto não havia uma exaustão relacionada ao movimento que ele acabara de fazer. Quando Bambu caiu no chão que era o seu forte, era como se Prata Preta pudesse adivinhar os movimentos de Bambu. Prata Preta estava sempre dois passos antes de Bambu. Bambu se cansou de girar e ver Prata Preta as suas costas. Era com se ele se movimentasse em câmera lenta. Na última o mestre teve a ousadia de pisar na perna de Bambu e em seu ombro. Bambu desistiu. Caiu exausto. José havia levado suas mulheres, ele queria que todas vissem Prata Preta na roda. Prata Preta jogara com Bambu. Maria levantou o copo quando Bambu caiu no chão. Isso significava arrego. Prata Preta deu a mão para que Bambu se levantasse. Bambu aceitara a derrota aquela noite. A única que aceitaria em sua vida. Sem sentir ódio do inimigo. Embora ele não soubesse o que era perder. O mestre gostou do que viu, e no meio daquelas fogueiras, onde se assavam batatas doces. Prata Preta disse. Todos devem respeitar Bambu como capoeira! José gargalhava. Bambu lutaria ao lado de Prata Preta na Revolta da Vacina. O mestre que sumiria enviado para o Acre. Bambu. Prata Preta disse, Esse é o nome do homem! Bambu não era bem um nome. Então era o quê? Um apelido? Um vulgo? Uma alcunha? Ele era conhecido por Bambu tanto no meio da cavalaria, quanto por aquela Joaninha com o Cosme e o Damião dentro. Bambu era freio de camburão. Bambu. Olha o apelido da criatura... Bambu tinha dois metros de altura. Bambu era um dos melhores capoeiras das maltas do centro. Um tipo que seria extinto com a expansão da pólvora no mercado...