a senhora diz detrás do balcão. vai começar a minha novela, a Sherazade! para de ficar para lá e para cá com esse controle! o velho com o controle na mão diz a Dilma. você foi trabalhar de bicicleta, Dilma? um cliente está encostado num balcão com uma cerveja esquentando a sua frente. num daqueles botecos debaixo do viaduto. o velho continua, ela engarrafou tudo. ela foi de bicicleta. mas levou carros com ela. e ainda atraiu a atenção dos curiosos. o cliente sorri. o velho continua. não vai de Bike, Dilma! não tem ciclovia! alguns presidentes vão trabalhar de metrô porque em seus respectivos países dá pra fazer isso. coitada da Dilma que tem que pedalar num canteiro. cuidado Dilma, para que não apareça o filho do Eike Batista derrapando, e te jogando longe! ou o filho do Pitanguy subindo na calçada de repente numa numa rua tranquila. ou o filho de alguém que nunca vai ser preso porque tem dinheiro. e cuidado para que os ladrões de bicicleta não roubem a sua bike. cuidado com as facadas por todo o país. seja por nosso machismo. ou por nossa agressividade. que não é associada a imagem melíflua que o nosso turismo sexual criou. quem não vai sorrir com uma gorjeta em dólar, ou em euro, Dilma? mesmo depois de ter devorado uma de nossas criancinhas. ou uma de nossas lindas "meninas", e nossos lindos "meninos". o cliente diz para descontrair. mas esse Pitanguy é velho! acho que ele vai substituir o Niemeyer! a mulher diz. a Dilma emagreceu. ah, ele emagreceu sim... emagreceu, e muito! agora se foi por stresse. ou para se manter a forma... é o preço do poder! começa a Sherazade. e todos olham vidrados para a tevê.