o barbeiro corta o meu black. a Gata da Hora nos olha. ele pula para dentro da loja. aí, rapaz, eu fui hoje ali no Guanabara... e está a maior loucura... tá todo mundo doido aí... quase que eu fui atropelado! maior gritaria... todo mundo brigando... até no telefone aí... fiquei de bobeira. o barbeiro diz: é que calor nesse calor bate maior neurose, e eles estão tudo sem dinheiro... ele continua, rapaz, que loucura! no radio o Roberto Carlos, parafraseando Romário, que é um dos maiores frasistas do Brasil, diz, esse cara sou eu... ele permanece em sua agitação, rapaz, quando a pista ficar pronta, vai morrer muita gente, cara! o barbeiro diz: eu acho que vai ter passarela... o outro diz: você acha que o cara que tá acostumado, a parar os carros na marra com o sinal fechado pra ele, ele faz isto há trina anos, você acha que agora... ele vai andar cem metros que seja para atravessar a passarela? tem maluco que morre na Avenida Brasil. e não é crackudo, não, tá... que crackudo é atropelado direto... o Leandro está olhando pro lado. o Renato Gaúcho conseguiu abraçar o Zico. e o Leonardo me olha com seriedade. O barbeiro diz: acho que ficou bom... a Gata do hora, olha com enfado para a minha careca.
domingo, 26 de janeiro de 2014
quarta-feira, 8 de janeiro de 2014
Só Falta Cair Fogo do Céu!
a senhora que vende
ervas medicinais dorme com o cachimbo na boca em frente ao supermercado Prix.
eu leio a capa do Meia Hora em pé no trem. neste calor fica todo mundo bêbado.
e nervoso. os carros cobrem as calçadas. empurro o carrinho de bebê do meu
sobrinho pelo meio da rua. com medo. mas se pedisse alguma coisa ao prefeito,
ele perguntaria onde eu moro, e depois daria uma gargalhada encerrando o
assunto. como se eu fosse muito engraçado. a cidade tá pegando fogo. funk,
tiro, só pedrada! e bala quase sempre perdida. vejo a correria da cidade, que
alarde, Chico Buarque! formigas que trafegam sem porquê, Raulzito! eu sempre
vou contra o fluxo. ou ando de trem o máximo possível... quer dizer, quando sou
obrigado. embora a SuperVia seja do peru, vou te contar, hein?! meu Deus do
céu! sei que não vou por aí, José Régio. não se devia mais construir estradas.
é preciso acabar com os carros. e impedir que os carros entrem no centro. e
preservar os prédios antigos que contam a nossa história (lá fora tem
pontezinha da idade media preservada). aqui dá cem anos, alguém bufa,
bota-abaixo esta merda... e a nossa língua, e nossa cultura. mas é preciso
olhar para o mundo, e para o futuro. e se preocupar com os menos favorecidos em
suas capacidades. é preciso incentivar a leitura. justiça sem corrupção. saúde
humanizada. é preciso uma escola que funcione, e que tenha tempo para educar, e
lidar com as diferenças. mas é preciso antes de tudo deixar de ser hipócrita.
os japoneses reconstroem o país todo ano. a gente não consegue acabar com a
mesma seca de sempre. e com os mesmos deslizamentos de sempre. nada mudou, e
será que alguma coisa mudará? se na última rodada aconteceu aquilo, imagina
depois que terminar a copa? eu amei a atitude do Luiz Alberto do Atlético
Paranaense que gritava, são seres humanos! ele tremia em seu estarrecimento
como todos nós devíamos tremer perante aquelas cenas que a televisão não se
cansava de reprisar. mas o Haiti é aqui sim, Gil, e Caetano, o Haiti, o México,
a Índia, nós somos os pobres do mundo... e dentro do supermercado um coroa
grita, só falta cair fogo do céu!
sexta-feira, 3 de janeiro de 2014
NetGato...
alguém grita da cozinha. não tem um filho da puta pra encher uma garrafa d`água, nesse calor... ninguém responde. ele troca de canal. o careca luta com a mosca. bate com a camisa nas costas. limpa o suor da testa. calor do caralho... alguém de fora da casa. tem um que está com a boca aberta olhando para a tevê, quando surge um cantor que vive de fazer versões de outros cantores, ele descruza as pernas, e diz, ih, esse bagulho é vacilação! o dono da televisão alisa a barriga com uma das mãos, e muda de canal com a outra. passam alguns animaizinhos, e algumas aberrações... enquanto Basquiat caminha num documentário... o outro continua teclando ao olhar a sala. o dono da tevê diz, duzentos canais, e nada!
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