ele balança o bebê que
parece um embrulho que sorri. eu digo: posso segurá-lo um pouco? ele me passa o
bebê que entorta os lábios, e chora como quem vê uma assombração. ele tem olhos
grandes e luminosos. eu me viro e digo a sua mãe: acho que se assustou
comigo... o moleque não gosta de mim! ela diz: ela não tem do que gostar... e o
pega e me passa. é manhã. ele quer é farra... balança ele! balanço o bebê que
volta a sorrir. olho o seu rosto e penso, meu Deus, parece um homem da minha
família! pela primeira vez vejo os passos do outro. e grito em êxtase a sua
mãe: ele anda igual ao pai dele! a mãe responde num muxoxo: todo mundo fala
isso... fico assustado com a herança genética. o outro me puxa pela perna como
quem diz querer participar da festa. e vejo o seu sorriso lindo de banho de
chuva. o outro diz: o meu pai só que andar de táxi! o meu pai quer andar de
táxi o dia inteiro.... só porque recebeu hoje! então todo mundo para no ponto
de ônibus. eu me lembro da Pais e Filhos da Legião Urbana, e da All You Need Is
Love dos Beatles... e beijo cada cabeça e digo. inclusive para o embrulho que
dorme. te amo. o meu coração palpita ao caminhar para casa e saber que ela está
me esperando. desço a ruazinha que termina com o muro. e dou um mergulho na
noite chinesa...
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