eu tenho uma arma na mão. e não é um livro. pois se fosse um livro eu jogava na cabeça de alguém. eu tenho uma arma na mão. mas não é um microfone. que se fosse um microfone, eu também jogava na cabeça de alguém. eu tenho uma arma na mão. e não é uma megafone. que se fosse um megafone, eu começaria a xingar todo mundo. eu tenho uma arma na mão. e ela é tão sedutora quanto a Sharon Stone naquele filme Basic Instinct. e ela faz mal a saúde. assim como doces de confeitaria, a minha arma mata. eu tenho uma arma na mão. e não é um carro. pois se fosse um carro, eu tomava uns goles, tomava coragem, e passava por cima de quem não gosto. e aí depois ia pra delegacia, pagava fiança, pois uma morte não custa caro no Brasil, ainda mais se for morte de pobre, é bem mais barata. no outro dia eu estaria solto para atropelar novamente. eu tenho uma arma na mão. e assim como aqueles infelizes estadunidenses que estão pirados com toda essa sociedade, eu também posso entrar em algum local atirando. numa tentativa de me vingar de mim mesmo. eu tenho uma arma na mão. pois diferente do Reino Unido, eu posso ter uma arma na mão. e a minha arma é uma pistola automática cromada que me diz que eu posso matar quem eu quiser. eu estou no fundo daquele teatro, com aquela porção de gente. e todos eles ficam me remedando e olhando pra minha cara com ojeriza. eu olho os policiais na rua. e sei que não terei como escapar. eles pensam que essa arma é de brinquedo. e começo a ficar confuso e ansioso. trêmulo. escorre suor. mas eu quero ir me embora. eu digo a ela. vamos embora. ela me pergunta: você está se sentindo mal. eu digo sim. vamos embora. ela insiste: você não vai participar do espetáculo. Eu digo: não. e nós saímos.
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