o garoto entrou na farmácia atabalhoado, como diriam escritores antigos. dessa vez ele tava muito mais nervoso do que da outra. tinha medo da mãe, do pai, da mãe da menina, e sobretudo do possível filho, ou filha, que deixava todo o mundo mais perigoso. e que agora havia caído como uma bomba em cima dos dois. acabando de vez com todos os seus sonhos de viver intensamente a adolescência a que tinham direito , apenas algumas horas antes, beijando todo mundo e... seriam escorraçados de casa e teriam que trabalhar e abandonar aquelas tardes sem aula em que vagavam pelos shoppings. para o cara da farmácia era a hora da vingança. o moleque perguntou entredentes. tem a pílula do dia seguinte? ele respondeu. antes de pensar em pílula, procure as camisinhas, pra não acabar vindo aqui comprar fraldas. todos ouviram. dessa vez para a desgraça do garoto a farmácia estava cheia. o homem puxou a nota da mão do moleque e a jogou na registradora. o moleque corou. as pílulas foram colocadas em frente a ele. a garota bufou. as bochechas ficaram vermelhas. o moleque respirou aliviado. aquela era a vingança do homem da farmácia. a vingança contra si mesmo. por não ser mais um moleque. por ter uma filha adolescente grávida. e por nunca ter usado uma camisinha.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Portugal Proibiu o Uso da Burca
A guerra Hamas-Netanyahu serviu para mostrar o quanto a esquerda odeia os judeus e o quanto a direita odeia os muçulmanos. Agora temos a pr...
-
“Estar bem ajustado a uma sociedade doente não é medida de saúde.” Jiddu Krishnamurti Johann Hari conclui em seu livro, que a depr...
-
O algoritmo é onipotente, onisciente, onipresente. O algoritmo sempre vence. Ele nos dá o que nem sabíamos que precisávamos. O algoritmo tr...
-
Eu vou-me embora para Marte. Pois em Marte não há vida. Sem vida não há depressão. Em Marte apenas, o silêncio. Em Marte apenas, a solid...
Nenhum comentário:
Postar um comentário