ela queria saber realmente porque seu filho fumava aquela porcaria todos os dias. era contra aquilo, inequivocamente. não gostava nem de pronunciar o nome da maldita. talvez fosse contra pelo simples fato de ser um prazer desnecessário, igual a maior parte dos prazeres, por mais que o filho argumentasse não causar mal algum. e principalmente por estar fora da lei. não viu grandes mudanças que chegassem a comprometer o comportamento do progenitor. dane-se que diminuísse a ansiedade ou deixasse a pessoa lesada a ponto de não reagir a um tapa. a questão é, não faz o menor sentido você optar por algo que a maioria condena. quando pode frequentar estádios como a maioria dos homens fazem, ou se ocupar com os carros e lutas na televisão, ora bolas! todas aquelas discussões e passeatas, parecia algo de quem queria se revoltar contra alguma coisa de qualquer jeito. então nesse sentido talvez a proibição fosse ruim. a mãe em seu tempo não foi nenhuma riponga. era apenas uma namoradinha do subúrbio que frequentava os bailes da jovem guarda. e adorou quando o Roberto Carlos aderiu ao catolicismo. ela havia se tornado uma dona de casa. mas queria experimentar aquela porcaria. depois de ver tanto artista que gostava na televisão dizendo que já havia experimentado, decidiu experimentar. não acreditava que fosse ficar viciada. nem estava experimentando para poder debater com o filho, igual ele propunha. ela queria apenas saber o que havia de tão maravilhoso naquilo, a ponto de tanta gente falar tanto. um dia esperou o filho sair e foi lá fumar um dos seus cigarrinhos de artista que ele não fazia questão de esconder. e fumou um dele de tarde. quando o filho chegou em casa, a noite, a mãe perguntou a ele: posso fumar com você? ele respondeu: hã?!
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