sexta-feira, 6 de janeiro de 2012
Ascensorista De Elevador
Ele estava cansado de dizer: sobe e desce. E de subir e descer com gente
que não conhecia ou não gostava naquele elevador no prédio público do centro da
cidade. Então pensou que talvez apertar um botão fosse um trabalho digno que
precisava ser feito. Mas depois disse a si mesmo: conversa fiada! Ninguém
precisa de ninguém para apertar um maldito botão. E pensou também que aquela era
uma profissão que podia ser exterminada como tantas outras. E por mais que
precisasse da grana, se continuasse ali, ele estaria subjugando a sua própria
inteligência. E estava cansado de ouvir sobre a rodada de domingo, o tempo, os
filhos dos outros; suas esposas, doenças e faculdades. E resolveu abandonar o posto, antes que a
perua pedisse “o décimo!”. Mas ainda deu tempo de dar bom dia ao porteiro, que olhou
para o seu rosto sem saber o que dizer. E saiu com as mãos nos bolsos
assobiando um tema da novela das nove.
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