quinta-feira, 1 de dezembro de 2011
Músicos e bebida: Mistura Explosiva!
O meu avô era um músico-bêbado. Eu sou um artista-vagabundo. Mas
fui intitulado assim contra a minha vontade. Não consegui ser um bêbado. Mas
quem sabe algum dia seja promovido. O meu avô era analfabeto. Eu sou
semi-analfabeto. O meu avô nunca foi à escola. Eu fui expulso de lá. Ele saia
para comprar pão e voltava três dias depois com uma rosa na boca. E a minha avó
dizia: eu vou te fazer engolir essa rosa! Eu não tenho coragem de desafiar minha
mulher desse jeito. Medo. O meu avô era autodidata. Eu sou também. Sem a mesma
eficiência, é claro. Ele ensinava todos os instrumentos para todo mundo. Aquele
ouvido do bruto era perfeito. Existe uma lenda de que ele lia partitura, e outra de que era amigo de Mário Reis e Francisco Alves. Não tenho como provar nada disso. Pois
a fonte é um filho mais velho e fã. Quando assisti o caminhar mareado de Jack
Sparrow, lembrei-me dele. No dia em que meu avô deu uma banana pra gente, eu me
sentei com a minha prima gorducha no meio-fio. E a melhor lembrança era aquela
em que nos levava para andar por aí. Ele tirava o chapéu para cumprimentar todo mundo. E
eu dizia: quando crescer, eu quero ser igual a esse velho! Que ironia, não?
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