terça-feira, 24 de maio de 2011
Respirando De Canudinho
Ela entrou no elevador. Ela não ia falar com ele. Não mais. Ele
pensou que o ascensorista talvez estivesse pensando que eles não se conheciam,
e em como a vida de ascensorista é chata. O dia todo: Sobe. Desce. Essa
profissão devia ser banida por subestimar a inteligência do ser humano. Ela se
comportou como mulher e aguentou bem a pressão fingindo não o conhecer. Ainda
brincou com a bola como fazem os craques, se olhou no espelho e viu como estava
o cabelo. Ele estava respirando por canudinho, e tinha vontade de bater,
xingar, gritar, esganar a filha da puta. Quando o elevador chegou ao andar, ela
saiu tranquilamente mexendo na bolsa. Ele foi para o corredor lateral e deu
aquele respiro de alívio que quase derrubou o prédio.
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