quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Fatmagul...

bem que a mãe do Mustafá disse que ele estava diferente. que a sua voz havia mudado, que a sua postura havia mudado. ainda mais depois que Mustafá pôs aquele lenço de playboy no pescoço. a mãe do Mustafá perguntou a ele: que roupas são essas, filho? ele disse: eu comprei. são roupas de luxo! para trabalhar com eles eu preciso estar bem arrumado! o Mustafá fala como aquele garoto que aparece com dinheiro em casa, e não sabe explicar a procedência. eu me lembro do seu pai dizendo a ele, que se ele ficasse com Fatmagul, depois que ela havia "dormido com outro homem". as aspas são minhas. será que ele iria aguentar? em suas cabeças Fatmagul era culpada. Fatmagul era sempre culpada. Mustafá deve sentir saudades da época em que Fatmagul era culpada. pois agora que a batata quente caiu em suas mãos, agora que ele tem certeza de que foram eles que acabaram com a sua vida, e não ela. ele terá de enfrentá-los. mais gente sabe da sua desgraça. é mais gente para dar satisfação. e para provar o quanto ele é homem. Mustafá gostou de dirigir aquele carro. ele gostou de ir à porta daqueles restaurantes. mas ele também quer entrar. ele quer brincar também. saber como é lá dentro. como outros ganham ar condicionado na cara e sobremesa. enquanto outros comem marmita no sol. a vida era tão mais simples na cidadezinha do interior. quando a gente não sabia que existia isso tudo. naquele que Mustafá foi ao quarto do Edogan... ele experimentou os óculos. o relógio. Edogan deve ter a mesma idade que Mustafá. Mustafá pensa, eu posso... tudo acaba justificando seus atos. ele ficou com o carro porque era seu por direito. enquanto os que foram mais prejudicados com tudo. empurram um carro velho. eles haviam destruído seu mundinho cor de rosa. eles acabaram com a Fatmagul que ele conhecia. eles fizeram pior, eles a jogaram nos braços de outro. ela não é mais a mesma. Mustafá também não é mais o mesmo. ele descobriu que tudo aquilo que ele sonhava conquistar, com muito trabalho, e esforço, não era nada para aquilo que outros possuíam apenas por ter herdado. simplesmente. outros que não eram dignos em sua cabeça. destruíram sua vida. feriram a sua honra acima de tudo. ele não tem mais nada a perder. Mustafá que antes se envergonhava do que fizeram a Fatmagul... agora se delicia na cama ao lado da Asu, uma linda garota de programa. que se apaixonou por sua robustez, e inocência, com a qual Mustafá chegou a cidade grande. vindo se vingar daquele de quem foi tirado a sua princesinha inocente, casta e pura. Asu ensinou a Mustafá as delícias da cama. de uma forma tão rápida e veloz, e tão independente, que era como se ele não imaginasse. não soubesse que aquelas facilidades da vida em Istambul não existiam. quando ele sempre estivera preocupado com o quê o povo de sua cidade iria pensar. Fatmagul está com outro. casada com outro. não é assim que eles fazem. compram as pessoas. ela não vai mais fazer programa. não fala mais em programa! ele dá um chilique. Mustafá está parecendo um gigolô.