sábado, 6 de julho de 2024

Estar sozinho agora

Estar sozinho agora
Neste lugar
Me faz lembrar aurora
De outro lugar

Estar sozinho agora
Neste momento
Me falar lembrar a glória
De outro tempo

Estar sozinho agora
É não saber
O que vem pela frente
Como vai ser

Sempre andar sozinho
Sempre andar distante
Nunca voltar atrás
Nunca ser como antes

São por essas e outras
É por esse lugar
Podem mudar as roupas
Mas não muda o paladar

Estar sozinho agora
É não saber
O que vem pela frente
Como vai ser

segunda-feira, 1 de julho de 2024

Um Século

Em três anos eu faço um século de vida. Eu estou muito velho. Sinto que estou me desfazendo com o tempo. Estou acabando. Tudo está ficando para trás. Eu sou da época da fotografia em preto e branco, da televisão em preto e branco, era tudo preto e branco naquela época, até as palavras da minha máquina de escrever eram em preto e branco. Esses otários nem eram nascidos. Esses palermas pensam que o mundo começou com as dancinhas do Tiktok. Andávamos léguas e léguas com as fichas nos bolsos para darmos um telefonema. Eu queria tanta coisa, ser tanta coisa, meu Deus como eu queria! Mas aí vem o tempo e fode com tudo. Se você não se pôr no seu lugar, pode deixar que ele vai fazer isso por você. Direitinho, ah como ele vai! Toda arrogância da sua juventude vai embora, e você saí com o rabinho entre as pernas. Você que está todo bonacheirão e pimpão no jardim de infância, saiba que o tempo vai arrebentar com tudo. E vai ser tão rápido que você nem vai ter tempo de lembrar que eu te avisei. Mas então, o que eu quero agora depois de correr tanto atrás de nada. Não quero mais nada. Eu quero apenas continuar vivo, e que essas pessoas próximas de mim continuem vivas para que possamos dançar pelados na chuva e gritar: estamos vivos!


A letra de um bolero

Eu sei que você é uma mulher de muitas dores

E que já sofreu horrores

Com antigos amores

Eu sei que você tem uma história

Tem uma passado

Igual agora

Mas ainda não é hora

De desistir

Você ainda pode esperar

O que há por vir

Pois independente do que seja

Eu estarei aqui

quinta-feira, 6 de junho de 2024

Você nunca fala merda?

Não vou dizer o nome dele aqui para que o texto não seja julgado antes de ser lido. O sujeito tem um talento musical extraordinário, sendo figura incontornável para os estudos artisticos brasileiros. Independente de suas opiniões políticas ou do que se possa pensar sobre elas. Séculos atrás quando eu ainda vivia naquele país, nós estávamos num pé sujo na Lapa, quando a Lapa ainda era Lapa, e no horizonte só havia; punks, travestis, rappers pioneiros, e o velho Circo Voador. Este amigo que trago no coração começou a dizer que o cantautor se vendeu, blá-blá-blá, e que só falava merda. Essa menina de óculos virou para ele e perguntou: "Cara, você nunca fala merda?" Não esqueço essa passagem da minha vida, pois essa é uma pergunta que sempre me faço quando vejo que vou começar a julgar alguém.

sexta-feira, 26 de abril de 2024

Obrigado

Obrigado.

Briga.

Brigado.

Gado.

O gado.

O gado briga.

terça-feira, 23 de abril de 2024

A Internet trouxe o equilíbrio para o Mundo

Eu amo a Internet, pois ela deu voz a todos. Agora todos podem falar, e podemos ouvir as mais diversas opiniões, desde as genuinamente idiotas às delicadamente equilibradas. O mundo 🌎 precisava quebrar o monopólio da informação e do saber. Era preciso deixar os jornalistas e os catedráticos de boca aberta. Nós precisávamos conhecer a sujeira que eles empurravam para debaixo do tapete ao invés de lidar com ela. Por mais que os certinhos estejam sofrendo agora, pelo menos deixamos de ser um joguete em suas mãos, conhecendo apenas às suas visões com aspas bem grandes, "corretas". Agora conhecemos a maldade, e sabemos que estamos nus, assim como Adão e Eva. E assim como Adão e Eva podemos escolher se vamos pecar ou não. A Internet trouxe equilíbrio entre os pecadores e os que se dizem deuses.

domingo, 7 de abril de 2024

Parceiros da Aventura de José Medeiros

Com um argumento de José Felício dos Santos e roteiro do grande José Louzeiro, um filme espetacular. Da época em que cinema brasileiro tinha pouco investimento, mas possuía grandes saidas criativas. Filme duro é seco, sobre a realidade do Rio de Janeiro.