terça-feira, 17 de junho de 2014

Nós Temos de Nos Desviar dos Caminhos Ruins...

...aquela senhora ia em sua cadeira de rodas motorizada pelo meio da rua. havia um ônibus estacionado, por ali, e ela havia emparelhado com ele. só que ela estava na contramão dos carros. olhei para a calçada para saber por qual motivo... e percebi que a calçada se dividia entre carros, e buracos. buracos, e carros. ela seguia tirando finos, impressionantes dos carros que passavam, eu estava distante, mas pude vê-la cruzar a esquina. enquanto rezava para que não acontecesse nada. nada aconteceu. e ainda deu tempo de ouvir um amigo aconselhando o outro. nós temos que nos desviar dos caminhos ruins!...

segunda-feira, 16 de junho de 2014

Domingo de Copa em Uma Emergência Pediátrica de Um Hospital Público...

...toda criança passa por uma triagem. uma mulher pergunta se a criança tem febre. a mãe do neném entra com ele numa espécie de cabine. agora o neném espera para ser atendido por uma médica. um neném pode esperar mais de três horas para ser atendido. lá fora existe uma barraquinha de doces, salgados, e refrigerantes, passando o jogo. aqui dentro uma menina reclama da demora, a maioria das mães e pais são adolescentes. uma barata sobe pela parede. e faz um longo caminho... uma menina diz que se bater naquela madeira surgem uma porção de baratas. o pior do hospital público é esse tédio. você tenta ler um livro, e os mosquitos não deixam...

sábado, 14 de junho de 2014

Na Rua do Valão...

ele me disse: eu sou um velho inca, eu ajudei a construir Machu Picchu! olhe para essas árvores... consegue detectar a energia que vem delas? é um milagre estar vivo! eu pensei já ter ouvido aquilo, antes. e como se ouvisse os meus pensamentos, ele disse. vocês estão sempre querendo originalidade... o problema não é ter ouvido isso, anteriormente. ouvir todos nós ouvimos as melhores coisas o tempo todo, e o mundo nos mostrando os caminhos o tempo todo. mas o problema é que nós não ouvimos, realmente! nós não conseguimos ouvir uns aos outros... e muito menos perceber o quanto estamos conectados! agradeça todos os dias a natureza por pertencer a esta espécie privilegiada. ele olha o relógio, e diz, eu tenho que ir. terminou a minha hora de almoço. dentro do seu uniforme, ele volta para o supermercado. e eu caminho sem reclamar da chuva fina que cobre o meu casaco.

quarta-feira, 11 de junho de 2014

Já, É!

o moleque grita. Zézinho! Zézinho! a senhora põe a cabeça na janela, ele pergunta, que horas o Zézinho vai descer? a senhora responde, depois do almoço... o moleque diz, já, é! ele esperava que o Seu Zézinho, o marido dela, e síndico do prédio, descesse para que eles pudessem terminar de enfeitar a entrada do prédio para a copa. o escritor diz, eu preciso me concentrar para escrever. eu digo a ele, já, é! e ganho a rua.

segunda-feira, 9 de junho de 2014

Você Quer Saber Tudo?

ele contou que a sua filha havia dito na sexta feira a noite, que ele iria acabar com o fim de semana dela, dá pra acreditar?! aí ele disse para ela se aquietar, que ainda havia o sábado, o domingo, e muitos finais de semana maravilhosos pela frente. o jogador também estava nessa reunião, e aí o jogador disse que aquelas eram palavras simples, sábias e profundas. e lamentou o fato de ter tapado os ouvidos para elas. pois lembrou de tê-las ouvido em algum momento da adolescência. mas o jogador sabia do perigo da adrenalina da idade. de toda pressa, e cobrança por perfeição. depois disso o mordomo serviu o chá, e disse que estava um lindo dia lá fora, para quem conseguia desviar o olhar do lixo nas ruas, e dos pontos de ônibus, superlotados. o céu estava azulzinho. as árvores esplêndidas. foi aí que tocou She`s Leaving Home dos Beatles ao fundo... você quer saber tudo? leia um livro!

sexta-feira, 6 de junho de 2014

BRT...

ele disse, sabe cara, nós devemos conscientizar as pessoas, e parar de esperar pelos políticos, vamos agir como uma verdadeira comunidade, e espalhar essa ideia nos botecos, nas igrejas, nas escolas, vamos comentar com os nossos amigos. pois nós sabemos que esse BRT é uma máquina de matar pobres. então o quê nós temos que fazer, pois o bochecha corada não sabe o quê faz parte da nossa cultura, e que assim como em Madureira, aqui na Penha, quem fecha alguns sinais é o povo! as pessoas vão ter que se acostumar a atravessar todas aquelas pistas nas horas certas. nós temos de dizer isto a elas, independente do que elas pensem. não dá para mudar o que já está feito. é uma questão de vida ou morte. ele disse, até mais, cantor! eu disse: até mais! ele pulou dentro do ônibus para vender balas.

quinta-feira, 5 de junho de 2014

Lei da Palmada...

não há educação,
não há saúde,
não há cultura,
então não deve haver palmada...