Antigamente no subúrbio, quando a criança aprontava alguma peraltice, a mãe dizia: para de fazer arte menino! A criança era tida como arteira. Os malandros chamavam seus chegados de artista. Mas nem todo mundo que faz arte é artista. Nem todo mundo que trabalha com arte é artista. O ator Marlon Brando dizia não ter amor a arte, e que se o pagassem para ficar sem fazer nada, ele ficaria sem fazer nada. Billie Holiday ao ser indagada se sabia cantar, respondeu: e quem não sabe? Tem gente com livro editado, filme pronto, peça ensaiada, quadros expostos, que não é artista. Eu assisti a uma aula em que um professor de filosofia disse que um diploma não faz de ninguém um filósofo. Como Chico Science dizia, computadores fazem arte, e artistas fazem dinheiro. Hoje em dia com a facilidade tecnológica, existe uma enxurrada de gente fazendo arte. Mas são raros os verdadeiros artistas. Conheci pouquíssimos com aquele brilho no olhar. Embora esta frase seja um clichê, não deixa de ser verdadeira. O verdadeiro artista não se preocupa com nada. A única certeza que tem, é a de se dedicar e aperfeiçoar o seu ofício. Pois não tem tempo a perder. Igual aqueles filósofos antigos que não se casavam para não suprimir o tempo dedicado a filosofia. O escritor Charles Bukowski dizia não ter tempo nem para cortar as unhas. O verdadeiro artista pensa como artista, e se movimenta como artista. É como se o mundo fosse a sua tábua de criação. Como Henry Miller dizia: eu leio o mundo. Fama, dinheiro, e reconhecimento, podem fazer parte da vida mundana de um artista. Ou ser até uma necessidade para que continue propagando a sua arte. Mas não são preponderantes no resultado final de sua obra, que tem um valor abstrato para si mesmo, muito maior que esse temporal.
"A arte pertence ao inconsciente! O Artista deve expressar a si mesmo! Expressar a si mesmo diretamente! Não seu gosto, sua educação, inteligência, conhecimento ou habilidade". Schoenberg.