Federico Fellini em sua biografia, Eu, Fellini de Charlotte Chandler. Fala sobre um circo que passou por sua cidade, Rimini, e que fez com que ele sentisse vontade de acompanhar a trupe. O circo está presente em pelo menos dois de seus filmes La Strada (1954), e I Clowns (1970). Ingmar Bergman também mostraria o circo em Gyclarnas afton (1953). A obsessão com a vida mambembe também se apresenta na Caravana Rolidei da obra Bye-Bye Brasil (1980) de Cacá Diegues. Em que a personagem de Fábio Júnior quer sair para ver o mar, assim como o João de Santo Cristo da música Faroeste Cabloco (1987) da banda Legião Urbana, e os dois terminam em Brasília. A minha avó era trapezista de circo, quem sabe o sonho de ir atrás do espetáculo permaneça em minhas veias, veias essas que eu sigo como vias de uma estrada. Talvez por isso tenha abandonado a escola para seguir um grupo de teatro. E simplesmente andei em direção de casa por não gostar de um lugar onde trabalhava. Deixei pessoas, cidades, ideologias, segurança, e até mesmo o meu país, pura e simplesmente para seguir o circo da minha vida. Penso ser mais provável que este destino esteja de acordo com a frase da longa O Palhaço (2011) de Selton Mello. “Na vida a gente tem de fazer o que sabe fazer: o gato bebe leite, o rato come queijo… E eu sou palhaço.”