quinta-feira, 31 de maio de 2012

Deus é Mau!

Minha mina me chamou: vem ver aquele preto que você gosta na televisão! Aquele preto que eu gosto é um pastor. Toda vez que eu assisto a televisão, eu assisto ao programa desse pastor. Não há nada melhor na televisão. E ontem o pastor contou uma história impressionante. Ele foi assaltado e ameaçado de morte por três caras. Puseram uma pistola na cabeça dele. A mulher dele chorando. Todo mundo gritando. Maior terror. Aí ele leu um trecho da bíblia pros caras. E disse a eles que aquela era a última oportunidade que eles tinham de se arrepender. Os cabras foram embora sem levar nada, e não se arrependeram. Então depois ele apareceu na televisão falando que ia dar mais sete dias para eles se arrependerem. E nisso ele leu um trecho da bíblia em que deus diz seus inimigos são meus inimigos. Eles não se arrependeram de novo. Pronto. Sete dias completos. Os três apareceram baleados com um número de balas simbólico em suas respectivas cabeças. Sete. E eu cheguei a conclusão que: deus é mau!

domingo, 27 de maio de 2012

Eu Odeio a Escola

Eu odeio a escola. Como instituição. Com os seus muros altos e os seus horizontes fechados. A escola destruiu o que restava da minha autoestima. Ela me reprovou cinco vezes na quinta série! Hoje em dia todo mundo passa. Mas em compensação ninguém sabe ler ou escrever direito, ou o que é pior, interpretar o que se lê e ou o que se escreve. Eu odeio a escola. Com toda a sua acentuação indesejável, e a sua matemática inexata. Coitada dessa escola com seus acadêmicos bundões que pensam que só eles podem salvar o mundo, como se nós precisássemos deles, que não enxergam um palmo na frente do próprio nariz, para nos mostrar o caminho. Eu odeio a escola com todos os meus clichês. Assim como ela tem os dela. Inclusive que é o de me querer trabalhando num balcão de uma loja de departamentos, para que o melhor lugar fique com alguém mais apto que eu, pois não há vaga para todo mundo. Mas sem discurso marxista de esquerda brasileira frustrada por não ter uma ditadura como inimiga. Eu odeio a escola. E a única coisa interessante que aconteceu por lá, foi uma professora me apresentar um livro pela primeira vez. Depois disso, eu peguei os livros em sua própria biblioteca, e a escola nem percebeu. Até que um dia ela me expulsou do seu colo com um pé na bunda. O que me deixou com toda essa mágoa e ódio, por ter me feito perder tanto tempo, e não ter me ensinado quase nada do que eu realmente queria aprender. E de não ter aproveitado nada do pouco potencial que eu sempre tive. Eu odeio a escola. Por sua falta de tempo, e por ela me iludir com um diploma, e subestimar a minha inteligência. Eu odeio a escola por ela julgar que todo mundo é igual. Eu odeio a escola. Mas eu escrevo, e mesmo errado, você entende o que eu escrevo. Mas duvido que você entenda tudo que ela escreve.

sábado, 26 de maio de 2012

Vai Passar o Rambo na Televisão!

Naquela época antes de pirataria um filme levava mais ou menos dois anos para chegar a televisão, e depois ao vídeo-cassete, e vice e versa. Se é que já existia o vídeo lá em casa. Então na escola foi aquele furdunço. Todo mundo na expectativa. Só se falava disso. Era uma espécie de final de copa do mundo. O Rambo ia passar na televisão. No SBT canal onze. Eu não me lembro bem que Rambo era, se o 1, o 2, ou três. Só sei que os sacanas da Globo decidiram esticar a novela. E o sacana do Sílvio Santos com aquele riso puro e franco para um filme de terror, como dizia o Raulzito, resolveu que não ia passar o filme enquanto não terminasse a novela. E fez algo inacreditável para os dias de hoje. Ele pôs na tela uma imagem congelada do Rambo, dizendo que o filme iria começar logo após a novela. Não dava nem pra esperar navegando na internet, pois ela ainda não existia. Eu estava cansado e tinha que acordar cedo pra ir pra merda daquela escola. Disse a minha mãe e ao meu pai: se eu cochilar, vocês me acordem, pelo-amor-de-deus, hein? Ai, ai, ai, ai, ai! Quando acordei assustado o meu pai com a sua nostálgica pança e o seu bigode ridículo me disse: que filmaço! Ainda deu pra pegar as letrinhas subindo. Nunca mais eu quis saber do Rambo. Nunca perdoei os meus pais. E vocês não sabem o trauma que carrego daquele dia seguinte.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Carta A Um Amigo Famoso

Não acho que você deva se justificar publicamente. Você só deve fazer isso perante a quem prejudicou. E se está fazendo isso agora, é porque o povo é “moralista”. Aposto com você que tem uma porção que acha a tua desculpa louvável, mas que continua fazendo o mesmo que você fez, ou pior. No fim das contas as pessoas públicas ficam com o quinhão de dar o “exemplo”. Mas numa sociedade, não são apenas as pessoas públicas que tomam decisões importantes. Tem que se tomar cuidado, pois a nova era está decretando o fim da nossa privacidade, e nós estamos embarcando nessa. Quem sente verdadeiramente o que você fez, ou faz, é quem está próximo a você. Para gente como eu, você vai sempre ser alguém imaterial que eu vou poder admirar quando quiser. Pois queira ou não, para gente como eu, você é uma bela de uma arte. E você pode até relacionar a sua arte aos seus atos... Mas não costumo me interessar nem pelo que os políticos fazem. A não ser que isso influencie diretamente na minha vida. Não vou deixar de ouvir uma música, ou assistir a um filme, por causa do que o artista é pessoalmente. Já conheci artistas que me decepcionaram. Mesmo assim continuei admirando, e acompanhando os seus trabalhos. Pois eles são inspiradores. Não carregue esse fardo, amigo. Pois ele é pesado demais.

terça-feira, 22 de maio de 2012

O Labirinto Da Língua

Eu fui num lugar. Mas o lugar nunca tem importância. E sim o que acontece nele. E lá havia uma placa onde estava escrito: proibida a entrada de pessoas estranhas. Se a placa estava se referindo ao desconhecido, de quem trabalha ali, tudo bem, eu ia poder entrar. Mas se ela estavs se referindo a estranho, sinônimo de esquisito, eu não ia poder entrar. Pois eu sou um cara tão estranho quanto aquele cara daquela música dos Los Hermanos, que é aquela banda que os universitários amam, e que tem aquele clipe que faz referência ao Kafka. Ou People Are Strange do The Doors. Eu sou o que se chama de excêntrico. E leia-se para uma sociedade careta, ainda, tão careta quanto falar careta. E no meu caso, eu sou um famigerado artista-vagabundo, ainda, depois de todos esses artistas famosos no mundo todo. Se fosse esse o sentido, eu não poderia entrar. A língua põe a gente em cada labirinto!

domingo, 20 de maio de 2012

O Mendigo Foi Pro Casamento Do Belo!

Eu tava parado em frente a um sebo do Centro da Cidade. Olhando aqueles livros de  5 reais que ficam naquela banquinha da frente. Que era o que eu tinha no bolso contando com algumas moedas. Eu queria que a minha mina aparecesse logo. Pois assim poderia arrancar mais cinco reais dela. E quem sabe comprar algum Rubem Fonseca. Ou qualquer outro falastrão desses. Quando aparece um mendigo, e pergunta para o outro: não vai no casamento do Belo, não? E o outro devolve: onde? Aqui na Candelária! O amigo diz: vambora! E eles saem correndo. O senhor grisalho surge no fundo do sebo e me pergunta: o que foi essa gritaria? Eu digo: eles vão pro casamento do Belo! E ele responde: tá, e eu sou um belo, um belo de um idiota!

sábado, 19 de maio de 2012

MacEscravo

Eu acordei o cara. Ele me agarrou pela gola da camisa. Tava babando. O Cheiro de bebida era insuportável. Odeio esse cheiro de cerveja envelhecida. Ele me perguntou: eu emagreci? Eu respondi: um pouco... Ele: olha o que o McDonald`s fez comigo?! Quando olhei com atenção os olhos eram duas crateras envoltas por duas crostas pretas. Olheiras que só vi em bêbados imprestáveis. E ele me disse: eu comecei a fumar, cara! Eu não fumava! Enquanto dizia isso a guimba do cigarro queimava junto dos seus dedos. Quando subiu aquele cheiro de carne queimada tipo hambúrguer. Ironia do destino. Olha o que o McDonald`s fez comigo?! Ele repetiu. Eu disse a ele: cara, tudo bem, você vai arrumar outro emprego! Ele me disse: o quê você sabe sobre isso? sobre trabalho? Você vive enganando esses otários dizendo que é artista... Eu disse: olha, prefiro fazer o que eu gosto do que ficar igual a você! De repente ele me ignorou. Puxou uma bandeja debaixo da cama. Esticou uma fileira gigante. E pum! Eu gritei: caralho!!! E ele desmaiou.