quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

Há de Ecoar

Há de ecoar a voz do Mano Brown no Capão
Há de soar o Sabotage todo dia no Canão
Mas o Tom Jobim diz que é o fim do caminho
Eu sinto uma saudade danada do Dominguinhos
Claudinho e Buchecha todo o dia em São Gonçalo
Um Itamar Assunção para cada Rua de São Paulo
Tem de ter Jorge Amado em cada esquina da Bahia
Tem de ter um Gog pra cada periferia
Mas não tem creche, não tem escola
Falta um campinho pra ficar jogando bola
Não tem luz, Não tem água.
Ouço no ar essa poluição sonora
Há de ecoar o Cartola na alvorada da Mangueira
Há de soar Arlindo Cruz todo dia em Madureira
Não deixar o som do Gil nunca fugir desse lugar
Quem esbarrar com Belchior que peça a ele pra voltar
Tem de ter Chico Buarque todo dia na favela
E florir Tim Maia um em cada Primavera
Zeca Pagodinho chora a chuva em Xerém
Dolores Duran canta A Noite do Meu Bem
Mas não tem médico, não tem remédio.
E a piscina maior tédio
Há de Ecoar a Legião no espaço aéreo nacional
Há de se soar Chico Science por toda a Manguetonw
Enquanto o Raul diz que é só girar o botão
Leio tem uma pedra no sapato Drummond
Há de se ouvir Cazuza na lua do arpoador
E deixar que o Roberto fique falando de amor
Viajar com os Paralamas na barca de Niterói
Agir como se o Noel ainda estivesse entre nós
Falta cultura, falta leitura.
Sobra droga, e loucura.
Há de ecoar o Bandeira a voltar de Pasárgada
Há de soar Carmem Miranda mesmo americanizada
Tem que ter Jorge Aragão pra quem pensa que é bamba
E Geraldo pereira na vitrola da caxanga
Não existe pagode sem Fundo de Quintal
Caetano Veloso Cinema Transcendental
Se o Vinícius de Moraes não está em Ipanema
E o Gonzaguinha vai embora com morena
Tem bota na janela, tem boa na porta
Tem bota no banheiro, pouco importa

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