sexta-feira, 3 de maio de 2013

John Coltrane: O Santo

comecei a ouvir jazz um dia desses. não porque tem selo de bom gosto ou porque sou preto. mas por acaso estava ouvindo ao rádio e gostei de um programa de jazz. já fui a festival de jazz, e tentei ouvir diversas vezes. sempre gostei dos filmes. e das histórias dos músicos. o jazz diferentemente do chorinho, que acredito ser a música instrumental mais agradável do mundo, sempre me soou estranho. da mesma forma a música clássica, ainda hoje, embora ouça quando preciso relaxar. e também goste das histórias de seus compositores. mas o meu ouvido finalmente parece ter cansado um pouco, da sonoridade pop, não que eu tenha deixado de amar, ou ouvir a cultura pop, underground ou alternativa. mas é que nessa nova fase  posso experimentar coisas que antes não conseguia. ou para as quais não tinha ouvidos. acredito que assim como na literatura, na música, passamos por fases em que vamos amadurecendo. há exceções sempre. mas  no geral não adianta pular essas fases. pois sempre dá merda. vejo pessoas que forçam leituras para as quais não estão preparadas, e depois posam de sabichões sem ter entendido bulhufas. com isso se perde a novidade do primeiro contato. talvez acabe o tesão com a descoberta precoce. há livros que leio hoje, que não teria lido antes. então passei a ouvir jazz. não como uma obrigação. ou porque é cult. mas por prazer. estou no início da minha paixão por John Coltrane. ouço John Coltrane todos os dias. o que mais me impressiona em sua música, é que ela se adapta a meu estado de espírito, e o transforma. é a música que não me atrapalha. e não precisa da minha atenção para ser compreendida. ela me pega e me joga na serenidade. mesmo que esteja escrevendo. consigo raciocinar e ouvir John Coltrane. até me ajuda. e tecnicamente não entendo nada de jazz. e se o John é uma música intimista, e de improviso, como acredito ser uma música que pede a proximidade do ouvinte. não sinto nada assistindo jazz na tevê. ou em grandes shows. jazz é música para lugares pequenos. John Coltrane te dá essa sensação. John Coltrane havia dito que a sua música era religiosa. assisti isso num documentário sobre jazz. e nele um cara disse que John Coltrane, um pouco antes de morrer, perguntado o que faria dali para frente, disse que se tornaria santo. e como disse o meu vizinho ao ouvir essa história. ele conseguiu.

2 comentários:

  1. curioso isso... escrevi uma série de poemas sobre jazz, e fiz melhor: um poemaço dedicado a Zózimo Bubul. Acontece que o melhor filme do Bubul, na minha opinião, é dedicado ao John Coltrane. eu e bubul somos negros, talvez por isso... jazz e tal. Acontece que o bubul morreu, eu nunca fui assim tão vivo e o jazz... li um crítico dizer que o jazz morreu, e a culpa era do John Coltrane. Disse algo sobre esse estado de espírito, em ti, em mim, no bubul e no Coltrane - levou o jazz a sua fatalidade comercial. estamos todos mortos... talvez por isso... críticas, comércio e tal. brancos demais.

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  2. engraçado, eu conheci o Zózimo um pouco antes dele vir a falecer. e me pareceu um sábio antigo de uma serenidade imensa. sobre o John Coltrane... ele é apaziguador... mas não vamos lamentar vamos ouvir essa obra extensa que nos deixou...

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