terça-feira, 15 de janeiro de 2013

A Minha Vó Tá No Facebook!

pode ser brincadeira de algum primo. eu sei o quanto nós brasileiros somos preconceituosos. mas é que a minha avó tem cara de vovó que cuida de netos e cachorros. o pior dos poodles não é nem o latido ensurdecedor. embora te veja todo dia o infeliz ainda late pra você. mas aquela lambida que pega do calcanhar em direção a batata da perna é nojenta. antes o desgraçado tivesse me mordido. mas nem sempre a minha avó foi essa vovozinha de comercial de supermercado. a minha avó não é nenhuma Ângela Vieira, que tem idade pra ser a tua avó, e moral pra posar na Playboy. já imaginou os teus amigos da facul tudo querendo pegar a tua avó. dizem que a minha vó era a maior pé de valsa da Casa do Marinheiro na Penha. isso depois do falecimento do meu avô tenente da marinha brasileira na segunda guerra mundial. eu a vi na tevê desfilando pela Caprichosos de Pilares, vestida de prisioneira, com uma bola amarrada nos pés. e vi também uma foto em que ela estava vestida de índia. ela se casou com um rapaz mais jovem e escandalizou a comunidade local da época. a minha avó é culpada por eu ter me tornado escritor. por culpa da liberdade excessiva e ótima que ela me deu. por causa de sua crença de que o mundo vai ensinar, como disseram que ela disse um dia. a minha avó me deixava assistindo a extinta TV Machete até tarde. Documento Especial, e aqueles filmes que pertencem ao tempo do cinema nacional que eu mais gosto, e que felizmente eram impróprios para menores. depois que a programação acabava a insônia aparecia. eu sempre odiei estudar ou ser obrigado a estudar, e nessa época aproveitava para descontar o sono na sala de aula. naqueles dias, uma tia que não sei se, a Neli, ou a Cristina, que eram boazinhas e que não tinham culpa da minha ociosidade, pediu que a turma lesse um livro chamado O Rapto da Coroa, de Helenice Machado de Almeida. nunca mais parei de ler na vida minha vida. a literatura me ajudou a ocupar o tempo insone, e por acidentes ela me mostrou o meu destino. a minha irmã teve o meu sobrinho maravilhoso com dezesseis. ela é da nova geração e não tem perfil de que será uma vovó igual a minha. há tempo o mundo já tem as suas vovós tatuadas ouvindo rock, reggae, e MPB. vai ser legal ver um mundo de avós falando com seus netos de igual pra igual. mas essas vovós fofinhas iguais a minha irão deixar saudade... e não que as outras não sejam fofinhas...

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