terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Quatro Cervejas Bem Geladas

Eu tava no fundão do ônibus. Vinha meio sonolento nesse calor dos diabos que ta fazendo no Rio. Quando olhei pro lado. Pra fora da janela. Vi aquilo que parecia parte do sonho que tava tendo. Era, ela, mesma. Sentada numa mesa as três da tarde do horário de verão. Nada de anormal. Desci do ônibus puto e corri em direção ao boteco que fica naquela praça perto do hospital. Eu perguntei a ela: que porra, é essa? Ela respondeu: cerveja. Ela tava sozinha. Eu tentei olhar em volta pra ver se existia alguma explicação praquilo. Olhei pro atendente que passou a toalhinha no rosto pra limpar o suor. Ele nem me deu bola. Eu disse a ela: garota, quatro garrafa, já?! E ela: quem é você pra falar? Ela se referia ao baseado encontrado no quarto da minha mina. Eu tava vindo do trabalho, cansado, sujo, suado. Ela tava de camisa da escola. Eu disse: e-a-porra-da-escola? E ela: eu matei aula. E completou: a tua mãe sabe. E grogue repetiu: quem é você pra falar? E passou o batom na boca. Essa situação era pra ser normal. Se ela não tivesse apenas catorze anos. Eu desisti e fui andando por aquela rua da academia.

2 comentários:

  1. as estatísticas se revezam
    limpas: quando a moral pesa
    sujas: sob um sol mais forte
    matar uma aula
    pra tomar uma cerva
    pode ser uma escola
    entregue a própria sorte

    [sociologias de butiquim - vol.4]

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