sábado, 5 de novembro de 2011

A Invasão

Ninguém morreu na porra daquela invasão, não morreu um moleque lá da área... Um moleque da favela! Nenhum deles. Quando começou o tiroteio todo mundo foi pra casa. Da entoca entra no beco e dá um assobio. Alguém abre a porta. Nós conhece a favela, né? Quem morreu era de fora. Os moleques de outras favelas, que não conheciam o morro, e que ficaram perdidos. Eu vi dois deles... De moto... Os olhos arregalados... Esses eu ajudei a fugir. Mas a maioria morreu. E foi diferente dos números da televisão, é claro. Lá em cima do morro tava cheiro de carniça. De tanta gente morta. Os porcos comeram tudo. Mas tiveram uns que fugiram. Ele solta a fumaça e continua: eu saí tranqüilo. Não olhei nem pra trás. Fui embora.

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