terça-feira, 5 de julho de 2011

O Terror Dos Intelectuais!

Ela subiu para o ônibus que eu estava.  Roendo unha. Saia rodada.  Faixa na cabeça. Cara de hippie arrependida. De quem voltou de Woodstock a pé. Eu pensei “ih... essa mina tá por fora do Brasil. Tá por fora. Nem sabe aí. Nem sabe.” O Velho ao meu lado falava sozinho. “eu parei de ir ao Maracanã quando o Zico parou. Num vô mais. Pra quê? só chutão! Só tem chutão pro alto hoje em dia!” Eu percebi que ela me olhava por cima do livro. E quando isso acontecia tinha que evitar o olhar. Só que meu interesse era maior. Ficamos naquele jogo uns vinte minutos. Ela olha. Eu desvio. Ela olha. Eu desvio. Até que vi o nome do livro. Harry Potter. Se não fosse o Harry, seria Crespúsculo, A Cabana ou um Código da Vinci ensebado. Esses são os hits dos ônibus. País que ninguém lê. Que leiam essa porcaria mesmo. Nada de clássico. Nada de Prêmio Jabuti. Feira de Paraty. Eu sou o terror dos intelectuais!

Um comentário:

  1. Uaaaaaaaaaaaaaaaaaaauuu! É isso aí Delano, vc é um mestre marginal, mostra p esses intelectualoides de plantão que vc vem p mostrar a diferença, sua construção rápida e rasteira, novíssima. Palmas p vc!
    Bjs,
    Clarice Azul

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