terça-feira, 28 de junho de 2011

Panaceia

O meu pai atravessou a rua. Eu fui atrás dele. Ele não disse nada. Não consegui dizer nada. Ficamos uns bons cinco minutos calados. Séculos. Ansiedade. Eu estava com um bolo confeitado cheio de glacê na garganta. E ia pensando “porque diabos o velho não fala comigo? Preciso que fale!” olhei para os seus olhos e estavam vermelhos. Mas consegui ver uma gotinha que venceu a batalha. Quando ele me disse: cacete... Não se têm muitos shows bons assim nessa porcaria de cidade! Eu disse: é... Esse cara é muito bom! Nunca me esqueci daquele show. Atravessamos a rua e pegamos um ônibus em direção ao subúrbio. As outras pessoas ficaram por ali.

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