segunda-feira, 9 de maio de 2011

Barrado na Academia Brasileira de Letras

Um almofadinha desses que apresentam jornal na hora do almoço me disse que ia rolar um debate sobre funk e hip-hop na ABL. Como eu estava indo para o centro da cidade resolvi dar uma passada por lá. Chegando ao local nenhum conhecido, e sim uma porção de crianças com camisas da maior ONG de hip-hop do Brasil. E pretos seguranças de terno preto. Entrei ressabiado, pois tenho medo de locais chiques. É uma coisa que nós pretos suburbanos latino-americanos temos, apesar das campanhas pela auto-estima. Um DJ conhecido meu acenou para que eu chegasse mais. E aquele papo de sempre: e aí como é que tá o rap? Legal tá indo bem. Quando o chamaram para retomar o trabalho fiquei só e frustrado no meio daquelas crianças. Resolvi que não ficaria por ali, pois não havia nem sinal de que o debate fosse começar. Avistei uma porção de jovens brancos e legais desses que lidam com a cultura e fui para o meio deles, pois estava realmente constrangido de ser o único adulto próximo aquelas crianças. Quando o segurança preto percebeu que eu estava perto da rapaziada sem crachá, ele veio até a mim e me perguntou: você é da ONG? Eu disse: não. E ele: então o senhor não pode ficar aqui. E eu disse a ele: então eu vou embora! Engraçado que eu fui barrado na ABL não pelo meu péssimo português e sim pela cor do meu texto. Quem sabe se eu usasse outra fonte...

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